A Colossal Biosciences voltou atrás na forma como apresenta seus recentes experimentos genéticos. Após anunciar em abril o nascimento de três "lobos-terríveis" — espécie extinta há cerca de 10 mil anos — a empresa agora admite que os animais, na verdade, são lobos-cinzentos com 20 modificações genéticas. A revelação foi feita pela cientista-chefe Beth Shapiro em entrevista à revista New Scientist.
Holofotes
🐺 O anúncio anterior, tratado pela Colossal como a “primeira desextinção bem-sucedida do mundo”, ganhou os holofotes com o nascimento de Romulus, Remus e Khaleesi. À época, a empresa insistiu em chamar os animais pelo nome da espécie extinta, o que gerou forte repercussão e críticas da comunidade científica. “Exageraram ou mentiram”, chegou a afirmar um pesquisador ouvido pelo g1.
Controvérsia
🧬Na nova entrevista, Shapiro minimizou a controvérsia e alegou que a empresa foi clara desde o início: “Dissemos isso desde o começo. Colocaram o nome de ‘lobos terríveis’ de forma coloquial, e isso irritou as pessoas”. A cientista também ressaltou que a recriação exata de uma espécie extinta é impossível, afirmando que os novos animais são apenas lobos-cinzentos com alterações genéticas específicas.
Desconfiança
Apesar da justificativa, a mudança de tom é vista com desconfiança. Pesquisadores como Richard Grenyer, da Universidade de Oxford, criticaram a inconsistência entre o discurso técnico e o marketing da Colossal. “Eles não trouxeram um lobo terrível de volta à vida — e agora parece que estão tentando esclarecer isso depois do impacto midiático”, avaliou.
Diferenças
Outros cientistas destacaram que os animais recriados nem sequer apresentam características fundamentais dos lobos-terríveis. Claudio Sillero, também de Oxford, lembrou que esses predadores pré-históricos tinham pelagem avermelhada, bem diferente da branca mostrada nas fotos promocionais. Isso reforça dúvidas sobre a fidelidade do projeto.
Discussão
A polêmica reacende o debate sobre os limites da engenharia genética e os riscos de se vender promessas científicas exageradas. Para alguns especialistas, esse tipo de anúncio pode enfraquecer o compromisso com a preservação de espécies ameaçadas hoje. “É ciência de ponta, sim, mas não é desextinção”, concluiu Grenyer. (Fonte: g1)