O Titanic zarpou de Southampton no dia 10 de abril de 1912 como um 'colosso inafundável' ,nas palavras de seu proprietário J. Bruce Ismay, e 48 depois foi a pique. Era mito.
O governo Bolsonaro começou titânico. 57 milhões de votos, apoio espontâneo de 380 deputados e 64 senadores, adesão completa do capital e com o único opositor preso com o beneplácito do STF. A era do Capitão parecia tão eterna quanto os diamantes.
Jair Messias incorporou a onipotência e destrambelhou a tratorar a constituição, a economia, os fatos, a ciência, o meio ambiente, a justiça, a liturgia do cargo, a decência, a diplomacia e a democracia. Não necessariamente nessa ordem. Fez tudo isso sem que nenhum familiar, amigo ou correligionário atuasse para impedir a autossabotagem. O colapso só surpreendeu os estultos de sempre.
A inelegibilidade de Bolsonaro caminha no TSE com enredo semelhante ao do Submersível Titan. Todos sabem o desfecho. Resta ver como o Ex-Presidente vai manejar o novo status político. Em entrevista ao programa Agora na quarta-feira Bolsonaro se mostrou lhano e moldável aos sacolejos do jogo democrático. Mas 48 depois em pregação a fanáticos , o Capitão reviveu o marcialismo contra Ministros dos tribunais superiores e paparrotadas semelhantes.
Quem vai prevalecer? O político,para influenciar as decisões da direita brasileira até se tornar de novo apto eleitoralmente? Ou o mito?