No livro 1984, escrito em 1949, George Orwell descreve uma sociedade tirânica mantida pela inversão de conceitos. Nessa novilíngua, guerra é paz, ódio é amor, opressão é liberdade.
Em Porto Alegre, a vida imitou a arte. O vereador Alexandre Bobrada apresentou uma proposta tornando 8 de janeiro, data do maior ataque à República Brasileira desde a redemocratização, como o dia municipal do patriota. O Presidente da Câmara Hamilton Sossmeier aprovou o projeto à socapa, sem votação no Plenário e o Prefeito Sebastião Melo não vetou.
A infâmia dos três sicofantas pretende transformar delinquentes arruaceiros em cidadãos do bem e precisa ser demolida pelo Ministério Público e declarada inconstitucional.
Não se trata aqui de visões diferentes do mundo, esquerda e direita, Lula e Bolsonaro, progressistas e conservadores. A separação é entre os que querem a democracia, onde todo cidadão/cidadã vale o mesmo voto, e os que desejam a ditadura, onde um Putim tem poder de vida e morte sobre todos os outros. A divisão é entre os legalistas constitucionais e os bucaneiros criminosos que querem impor um regime de força.
Ulisses Guimarães, um patriota de verdade, promulgou a Constituição de 1988 e sentenciou: “A carta é imperfeita, quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da pátria.”
E lembrar que os gaúchos já deram ao Brasil grandes democratas como Pedro Simon, Paulo Brossard, Oswaldo Aranha e Flores da Cunha.