Simony retoma tratamento contra o câncer: o que acontece agora?

A artista havia encerrado as sessões de quimioterapia em dezembro do ano passado

Simony compartilhou um vídeo de seu médico, o oncologista Fernando Maluf, explicando um pouco mais sobre sua situação | Reprodução: Internet
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A cantora Simony surpreendeu seu público nesta noite desta quarta-feira (26), ao publicar um vídeo em que o oncologista, Fernando Maluf, dá detalhes sobre a saúde da cantora. O médico explicou que, por ainda ter focos do câncer no corpo, a artista terá que retomar o tratamento contra o câncer de intestino. "Sempre fui e serei super transparente com vocês. As orações, o amor, a fé, é isso que quero de todos vocês sempre. Amanhã venho aqui falar com vocês", avisou ela. "Me preparando para mais essa luta. Gratidão, Dr. Fernando Maluf e toda a equipe. Um dia de cada vez. Fé", escreveu.

No vídeo, o profissional explica o porquê de reiniciar o tratamento - a cantora fez mais de seis meses de sessões de radioterapia e quimioterapia, e tinha encerrado o tratamento em dezembro. "A Simony teve uma grande resposta no tratamento com quimio e radioterapia, em uma lesão intestinal", disse ele. "Essa resposta foi muito importante, mas ainda tem pontos de atividades da doença e que vai requerer que a gente retorne o tratamento de químio mais imunoterapia. A Simony está animada, positiva, ela é uma pessoa inspiradora. A gente está confiante de que esse tratamento irá gerar uma ótima resposta", afirma o oncologista.

Câncer de Simony

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, exceto os tumores de pele não melanoma, o câncer colorretal é o terceiro tipo mais comumente diagnosticado em homens e o segundo em mulheres no mundo. No Brasil, é o terceiro mais frequente de modo geral, segundo o Instituto Nacional do Câncer, que estima 40,9 mil novos casos no ano, com 20,5 mil óbitos, sendo 10,1 mil em homens e 10,3 mil em mulheres (2020-2022). Próstata e mama lideram a incidência no país, com 66 mil casos por ano cada. Na Bahia, a previsão é de 1.480 novos casos no ano, sendo 1.020 em Salvador (Inca). Já o tipo do tumor com o qual a cantora Simony foi diagnosticada é menos frequente, ficando abaixo dos 5% dos tumores gastrointestinais.

A oncologista Anelisa Coutinho, da Clínica AMO, esclarece que o câncer do canal anal, na maioria das vezes, é do tipo epidermoide e é menos comum do que os outros tipos de câncer situados no cólon ou no reto, que são do subtipo adenocarcinoma. “Os fatores de risco dos tumores intestinais são um pouco diferentes e o tratamento também é específico e relacionado com o subtipo histológico (seja epidermoide ou adenocarcinoma), para a localização (cólon, reto ou ânus) e para o estágio da doença”, diz a médica, acrescentando que dentre os fatores de risco para o câncer do canal anal está a infecção pelo HPV (Papiloma Vírus Humano), relacionada a mais de 80% dos casos.

Estilo de vida saudável – incluindo alimentação balanceada e rica em fibras -, exercícios físicos, combate à obesidade, ao tabagismo e ao excesso de bebidas alcoólicas, medidas preventivas para doenças sexualmente transmissíveis, como uso de preservativos e vacinação contra HPV, são sempre importantes, como destaca a oncologista. “Em relação ao carcinoma epidermoide do canal anal, podem estar entre os sintomas mais frequentes sangue nas fezes, dor ou desconforto na região anal, tumoração na região do ânus ou ínguas, fraqueza e anemia”, descreve.

Diagnóstico e tratamento

O câncer da região anal, que fica já na parte final do intestino, pode ser diagnosticado através do exame físico, assim como por exame proctológico (anuscopia), exames endoscópicos ou radiológicos em pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença ou através do rastreamento para assintomáticos e para os que pertençam a grupos com maior risco, como pacientes imunosuprimidos ou portadores de doenças relacionadas ao vírus HPV.

O rastreamento para o câncer colorretal em geral já está indicado a partir dos 45 anos para a população assintomática e idealmente através do exame de colonoscopia. Na colonoscopia, observa-se a parte interna do intestino grosso e também a região do canal anal. Quando há achado de alguma lesão/tumoração em qualquer parte do intestino até o canal anal, é realizada uma biópsia e a amostra retirada do tecido é submetida a análise para confirmação do diagnóstico. Muitas vezes, a biópsia de um tumor localizado na região anal pode ser realizada de maneira simples e rápida.

A oncologista Anelisa Coutinho explica ainda que o tratamento depende da localização e extensão (estágio) do tumor, bem como das condições clínicas do paciente. “Para os tumores epidermoides do canal anal a forma mais frequente de tratamento, com elevada taxa de cura, é a combinação de radioterapia e quimioterapia e, na maioria dos casos, sem a necessidade de cirurgia complementar”, esclarece. A médica alerta sobre a importância da vacinação contra o HPV, que já é fortemente recomendada na infância/adolescência, faz parte do calendário vacinal e está disponível no SUS.

Conscientização

No começo do mês, Simony lançou o livro Um Dia de Cada Vez - A Realidade por Trás de um Diagnóstico, falando sobre o diagnóstico, os meses de idas e vindas ao hospital, os efeitos colaterais da rádio e da químio e sua fé para encarar as dificuldades. "Eu sobrevivi ao câncer, mas algumas coisas ainda me incomodam: não menstruo mais, sinto dor nas articulações, queda na libido, secura vaginal, irritabilidade e calorões", contou ela na obra.

No Encontro com Patrícia Poeta, Simony explicou que tomou para si a tarefa de conscientizar as pessoas sobre o câncer de intestino e as formas de diagnóstico precoce. "Quando eu decidi contar que estava com câncer, não foi para me promover, foi para promover saúde. A nossa voz chega onde os médicos não vão chegar. Nunca tinha feito colonoscopia. Muitas vidas eu salvei. Consegui falar 'acontece com todo mundo'. Meu Instagram não serve só para ganhar dinheiro, hoje serve para salvar alguém. Não vou desistir de viver e de lutar pela vida e tratamento de outras pessoas", explicou ela.

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