A jornalista Renata Capucci, atualmente com 49 anos, falou abertamente pela primeira vez na TV sobre o diagnóstico de Parkinson que recebeu em 2018, quando tinha 45 anos. A comunicadora do Fantástico conversou com a apresentadora Ana Maria Braga no programa Mais Você nesta manhã de sexta-feira (28), e contou detalhes sobre o problema no mês de conscientização da doença.
"Todos os dias eu recebo mensagens nas minhas redes sociais de gente que acabou de descobrir, gente que acha que tem, gente que descobriu e está naquele turbilhão louco que eu estive lá em outubro de 2018, que parece que caiu uma bigorna assim na sua cabeça", disse a jornalista. Ela revelou seu quadro ano passado após fazer uma entrevista sobre doenças degenerativas para o podcast "Isso é Fantástico".
Em 2022, ao falar do assunto, ela sentiu que seria hipocrisia continuar mantendo em segredo sua condição e que não precisava mais carregar sozinha o peso dessa notícia. "Chegou a minha vez de me libertar. Você se sente vivendo uma vida fake, é de um jeito e fica escondendo a outra parte de outras pessoas. No meu caso, a maioria das pessoas, porque eu sou uma pessoa pública", disse à época. A jornalista descobriu o Parkinson três dias depois de uma participação no programa de Ana Maria Braga em 2018, o que tornou seu retorno ao Mais Você simbólico.
Os sintomas começaram com pequenos tremores na perna esquerda enquanto estava apresentando o Jornal Hoje. A situação ocorria com mais frequência quando passava por algum momento de tensão. Quando os dedos do pé esquerdo, lado atingido no caso dela, começaram a se contrair sozinhos, ela procurou osteopatia e fisioterapia. Também chegou a mancar sem perceber, só notando essa mudança quando algumas pessoas lhe chamaram a atenção.
O diagnóstico veio enquanto ela participava como competidora do programa Popstar, também da TV Globo. A jornalista saiu de um ensaio e, em casa, o braço subiu e travou sem controle. Ela então seguiu às pressas para um local de emergência neurológica, onde fez um exame clínico e depois uma ressonância. "Eu lembro que eu gritava dentro do carro com meu marido, que não é médico. Enfim, é esse choque que você leva ao ter esse diagnóstico, principalmente aos 45 anos. Porque as pessoas não fazem a menor ideia de que se pode ter doença de Parkinson aos 45. Tem gente que me escreve com 33 anos que acabou de descobrir", relatou Capucci.
Apesar de tudo, a jornalista disse à Ana Maria Braga que prefere encarar o futuro com otimismo, pois há hoje um amplo investimento em pesquisas sobre a doença. De acordo com dados da Associação Brasil Parkinson e do Ministério da Saúde, o Parkinson é uma doença neurológica que afeta os movimentos da pessoa, causando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita.
O que causa a doença?
Sua causa é a degeneração de células cerebrais que produzem dopamina, substância que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) no corpo, o que prejudica os movimentos corporais. O diagnóstico é feito com base no histórico clínico do paciente e no exame neurológico, sendo que não há teste específico para detectar ou prevenir a doença. Entre os sintomas mais comuns estão aumento gradual dos tremores, maior lentidão de movimentos e caminhar arrastando os pés com a postura inclinada para frente. O tremor pode atingir dedos e mãos, queixo, cabeça e pés em um ou nos dois lados do corpo.
A progressão do quadro varia entre os pacientes, mas geralmente o avanço é lento. Não há cura e o tratamento consiste em atenuar os sintomas e retardar o progresso da doença, o que pode ser feito com medicamentos, fisioterapia e até cirurgia. Carlos Roberto Rieder, presidente da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), disse à reportagem da Folha em 2022 que a doença de Parkinson pode apresentar sintomas motores ou não, como perda de olfato, depressão e constipação. "São achados que se encontram muitas vezes antes do aparecimento dos sintomas motores, mas como são muito presentes na população, é difícil atribuir como manifestação da doença. Se começarmos a ter outros marcadores, conseguimos somar para identificar precocemente", pontuou Rieder.