Você já se pegou dizendo “estou exausto” sem nem saber exatamente o motivo? Se a resposta for sim, você não está sozinho. O cansaço tem sido um companheiro frequente de muitas pessoas em tempos modernos — e vai muito além de uma noite mal dormida.
Diversos fatores podem estar por trás dessa sensação de esgotamento. Desde problemas como o transtorno afetivo sazonal, excesso de estresse no dia a dia, até a simples falta de sono consistente. A rotina acelerada e o acúmulo de responsabilidades só pioram a situação.
Identificar a origem desse cansaço, porém, pode ser um desafio. Afinal, como saber se você está apenas fisicamente cansado ou se há uma condição médica por trás dessa fadiga persistente?
De acordo com Jennifer Mundt, psicóloga clínica do sono e professora da Universidade de Utah, o primeiro passo é diferenciar sonolência de cansaço. Sonolência é quando você sente que poderia dormir a qualquer momento. Já o cansaço está mais ligado à falta de energia para realizar tarefas, mesmo que você tenha dormido.
Quando o cansaço vira sinal de alerta
Essa distinção é importante porque sonolência excessiva pode indicar um distúrbio do sono. Já a fadiga constante pode ter raízes mais profundas: desde um problema de sono até uma condição médica mais séria.
Se você está cogitando procurar ajuda profissional, observe se o cansaço tem atrapalhado atividades diárias básicas, como trabalhar, cuidar da casa ou manter uma rotina de exercícios. Segundo Tina-Ann Thompson, médica da Emory Healthcare, esse é um sinal claro de que é hora de buscar avaliação médica — especialmente se isso já dura mais de duas semanas.
Quando um paciente relata fadiga crônica, os médicos começam fazendo uma investigação detalhada. Perguntam quando o cansaço começou, se houve algum evento marcante recente, como perdas ou mudanças no trabalho, e quais hábitos podem ter mudado nesse período.
A alimentação e os exercícios também entram nessa análise. Deficiências nutricionais — como falta de ferro ou proteína — ou alterações bruscas na rotina de atividade física podem ser pistas importantes. E, segundo Thompson, mesmo pequenas doses diárias de movimento são essenciais para manter os níveis de energia.
O que mais pode estar por trás da fadiga?
Outro fator avaliado pelos médicos são os aspectos emocionais e mentais. Mudanças de humor, dificuldades para dormir ou uso de medicamentos também podem interferir diretamente na sensação de cansaço.
Entre as causas físicas, uma das mais comuns é a anemia. A baixa contagem de glóbulos vermelhos pode ocorrer por deficiência de ferro, perda de sangue ou dificuldade de absorção de nutrientes — algo facilmente identificado com um exame de sangue.
Embora menos frequente, doenças cardíacas também merecem atenção, principalmente entre as mulheres, já que são a principal causa de morte feminina nos EUA. Além disso, flutuações hormonais, especialmente durante a perimenopausa, podem intensificar a fadiga, exigindo acompanhamento especializado.
Infecções virais prolongadas e síndromes como a fadiga crônica também entram no radar médico. Se as causas mais comuns forem descartadas, os médicos podem investigar distúrbios mais raros ou de difícil diagnóstico.
Você dorme bem de verdade?
Se os exames médicos não apontarem nenhuma condição evidente, o próximo passo pode ser investigar o sono. Para isso, clínicas especializadas realizam estudos que identificam apneia, insônia, narcolepsia ou até sonambulismo — distúrbios que comprometem a qualidade do descanso noturno.
Segundo Mundt, as principais causas de sonolência diurna são: sono insuficiente, insônia e apneia do sono. Ainda que não haja um distúrbio diagnosticado, maus hábitos e estilo de vida desregulado também contribuem para a exaustão constante.
Adultos geralmente precisam de 7 a 9 horas de sono por noite, mas isso pode variar. Se mesmo dentro dessa faixa você continua se sentindo cansado, talvez precise dormir mais ou ajustar a regularidade com que dorme e acorda.
Mundt alerta que um erro comum é dormir pouco durante a semana e “compensar” nos finais de semana, criando um padrão irregular que confunde o ritmo biológico do corpo — o que só piora a situação.
Como melhorar seu sono e ter mais energia
Além de regular os horários, melhorar o ambiente de sono faz toda a diferença. Evite distrações como TV ligada, excesso de luz ou entrada de animais de estimação no quarto. Essas pequenas interrupções têm grande impacto na qualidade do sono.
Outro aliado poderoso é a luz do sol. A exposição à luz natural — especialmente pela manhã — ajuda a regular o ciclo de sono-vigília do corpo. Já à noite, o ideal é usar luzes suaves para indicar ao cérebro que é hora de desacelerar.
Mesmo que a vida esteja corrida, priorizar o sono é uma das melhores formas de combater o cansaço crônico. Dormir bem não é luxo — é necessidade básica para o bom funcionamento do corpo e da mente.
Por fim, se a fadiga persistir, não hesite em procurar ajuda. Conversar com médicos, buscar apoio emocional e ajustar sua rotina pode ser o primeiro passo para recuperar sua energia e qualidade de vida.