O cuscuz é uma herança da culinária africana trazida para o Brasil que, durante o processo de colonização, era preparado com farinha de milho, um cereal abundante nesse período. Isso fez com que o cuscuz de milho se tornasse uma receita tipicamente brasileira, apesar de ganhar variações na sua forma de preparo em cada região do país.
Entre as diferentes receitas, há o cuscuz paulista, preparado com molho de tomate, ovos, azeitona e sardinha; o cuscuz gaúcho, preparado com legumes e carne de charque; o cuscuz nordestino, preparado com farinha flocada previamente hidratada com água e cozida no vapor em uma cuscuzeira, acompanhado de manteiga, ovo, queijo coalho, banana ou leite de coco com açúcar.
A versão nordestina, preparada com farinha de milho, água e um pouquinho de sal, apresenta um sabor neutro que harmoniza com uma variedade de alimentos, doces ou salgados, que além de conferir mais sabor à preparação, também contribui para melhorar a qualidade nutricional da refeição.
Saudável e saboroso
Do ponto de vista nutricional, o cuscuz de milho é um alimento fonte de carboidrato, pois contém uma quantidade maior desse nutriente, mas é ainda composto de proteína, fibras e uma quantidade pequena de gordura. Em uma porção de 50 gramas (cerca de um cuscuz pequeno), há cerca de 170 kcal, sendo 38 gramas de carboidrato, 4 gramas de proteína, 2 gramas de fibras e 0,5 gramas de gordura.
A quantidade de fibras é um pouco maior, se comparado a outros alimentos fontes de carboidratos como pão, macarrão, arroz branco e batata. Por isso, o cuscuz pode ser uma boa opção para o aumento da saciedade e do consumo diário de fibras.
O alimento tem como um dos seus principais benefícios o fortalecimento do sistema imunológico. Afinal, a base do cuscuz são os flocos de milho, cereal rico em carboidratos complexos, fibras, vitaminas A e B1 e ácido fólico. Contém ainda, ferro, magnésio, zinco, carotenoides, antioxidantes e mais alguns bioativos que fortalecem ainda mais o sistema imune.
Uma porção de cuscuz oferece ainda 61% da necessidade diária de selênio, nutriente que tem papel essencial na saúde reprodutiva, no bom funcionamento da tireoide, na síntese de proteínas e na prevenção dos danos causados por radicais livres, de acordo com o National Institute of Health dos Estados Unidos.
E por não conter glúten, pode ser uma boa opção para as pessoas com dieta restritiva, como os celíacos, podendo substituir pães, bolos e bolachas. No entanto, é importante confirmar as informações sobre a presença ou ausência de traços de glúten na embalagem do produto, pois algumas marcas de farinha de milho podem contê-lo devido ao contato com alimentos durante o processo de armazenamento e envaze.
Alimento curinga
O cuscuz combina com queijo, ovos, molhos, carnes, peixes e até frutas. Com ele, dá para preparar saladas, gratinar com um queijo, acompanhar carnes e legumes, e fazer cremoso no forno. E outro ponto positivo para usar a criatividade e inclui-lo no cardápio refere-se ao preço. Por ser feito basicamente de farinha de milho, é acessível e pode ser uma boa opção quando o assunto é gastar menos na preparação de uma refeição. Uma porção de 50 gramas de cuscuz preparado com farinha de milho, água e sal sai em média de R$ 0,50 a R$ 1 —mais acessível que o tradicional pão francês.
Para se inspirar, aqui vai uma receita:
Bolo de cuscuz (flocão de milho)
2 xícaras (de chá) de flocão de milho
1 xícara (de chá) de açúcar demerara ou de adoçante
4 ovos
1/2 xícara (de chá) de óleo de milho ou de girassol
1 pitada de sal 1 colher (de sopa) de fermento químico
Modo de preparo: leve os líquidos ao liquidificador por uns dois minutos, acrescente o açúcar ou adoçante, o flocão e bata mais um pouco. Acrescente o fermento e coloque em uma forma com furo no meio untada com óleo e canela. Leve ao forno pré-aquecido em uma temperatura de 180 graus, por aproximadamente 40 minutos. Pode colocar uma colher (de café) de manteiga no bolo ainda quente.
Nada de exagero!
Pessoas com diabetes devem consumi-lo com moderação, pois é um alimento composto de carboidratos de fácil digestão e absorção no trato gastrointestinal, podendo fazer com que os níveis de açúcar no sangue subam de forma rápida. Uma boa dica é consumi-lo com algum alimento do grupo das proteínas, como queijo, leite, ovos ou carnes, assim a absorção dos carboidratos no intestino será mais lenta e o aumento dos níveis de açúcar e de insulina no sangue serão mais graduais.
Fontes: Uol; Veridiana Vernizi Lanzuolo, nutricionista e instrutora dos cursos de gastronomia do Senac EAD; Damaris Fabri e Adriana Costa e Silva, docentes do curso de nutrição da Universidade Anhembi Morumbi.