O ronco é um ruído que ocorre durante o sono, geralmente na inspiração, devido à dificuldade de passagem do ar pelas vias aéreas, o que provoca a vibração da língua, palato ou epiglote, e pode ser causado pelo consumo excessivo de álcool ou uso de medicamentos para dormir, nem sempre sendo considerado um problema. Roncar faz parte da fisiologia humana.
No entanto, quando há uma produção excessiva de barulho ou o ronco acaba atrapalhando muitas pessoas, é preciso fazer um check-up médico para ver se vai tudo bem com o corpo ou se há algo oculto por trás do ronco. Muitas vezes, é possível confundir os barulhos do ronco com a apneia do sono, um tipo de condição em que a pessoa deixa de respirar por uns instantes durante seu sono, o que afeta, por exemplo, seus batimentos cardíacos e causa uma enorme sobrecarga em seu organismo, impedindo que ela, mesmo dormindo, descanse e tenha um sono reparador.
O que pode solucionar o ronco?
1. Perda de peso
Funciona SOMENTE se você estiver acima do peso ou se for obeso e se o seu ronco estiver associado a esses quadros, já que, de modo geral, a gordura acumulada nas vias aéreas dificulta a passagem de ar. Em obesos mórbidos, por exemplo, a incidência da apneia do sono ultrapassa 50%. A apneia é a causa mais grave do ronco. Ela ocorre quando as nossas vias aéreas se estreitam ao ponto em que chegam a ficar bloqueadas, interrompendo a respiração por alguns segundos. Por esse motivo, o NHS, o serviço de saúde britânico, recomenda que você leve em consideração praticar exercícios para manter um peso saudável caso identifique sinais de ronco e o seu IMC esteja acima de 25 (sobrepeso).
Alguns estudos demonstraram inclusive que perder cerca 10% do seu peso corporal pode resultar em uma melhora de 50% nos sintomas da apneia em pessoas com grau moderado de obesidade. Mesmo assim, por ser uma questão comportamental - e muitas vezes difícil de resolver - Sandra Doria, otorrinolaringologista com especialização em Medicina do Sono e pesquisadora do Instituto do Sono, explica que é preciso levar em consideração o quadro de cada paciente e combinar a perda de peso numa avaliação mais completa.
2. Evitar o consumo de álcool
Por ser uma droga depressora (que diminui certas funções ou sensações), o álcool causa o relaxamento dos músculos da garganta. Ou seja, a passagem de ar fica mais obstruída por causa da substância. Por isso, evitar tomar bebidas alcoólicas, principalmente em torno de 4 horas antes de se deitar, pode ser uma boa estratégia.
3. Evitar fumar
Fumar aumenta o risco de roncar já que o hábito irrita a garganta, causando seu inchaço. Em função disso, quantos cigarros mais você fumar ao longo do dia, mais propenso ficará a um quadro grave de apneia O cigarro inflama o tecido das vias aéreas. De acordo com a Associação Britânica de Ronco, até mesmo o fumo passivo pode causar essa inflamação, aumentando assim o risco de ronco.
4. CPAP e aparelhos similares
São fundamentais para tratar a apneia obstrutiva do sono (AOS) e outros problemas respiratórios mais graves.
O que não funciona para o tratamento do ronco?
1. Dilatadores nasais
Não solucionam o problema e podem causar outros distúrbios. João Gallinaro, psiquiatra com especialização em Medicina do Sono pelo Hospital das Clínicas da USP, explica que os equipamentos apenas facilitam a entrada de ar na abertura do nariz, mas não resolvem o problema onde ele está localizado, que é na base da musculatura da garganta. "Você pode até roncar menos por conta do dilatador, mas vai ter uma série de problemas que ficarão mascarados", diz Gallinaro ao G1.
2. Sprays de garganta:
Alguns produtos no mercado prometem até mesmo acabar com o problema por meio da aplicação de um jato gelado na cavidade nasal, o que também não tem base científica já que o ronco não é influenciado por diferenças nesses padrões de temperatura.
3. Fita adesiva na boca:
Além de ser uma ideia esdrúxula, não melhora em nada o ronco e ainda traz riscos à respiração, pois interrompe o fluxo natural de ar durante o sono.
Evite remédios para dormir
Alguns remédios do tipo relaxam os músculos da garganta, piorando o ronco. Converse com seu médico sobre isso para entender o que fazer. Como explica Alan Luiz Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono na FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), é importante o paciente discutir com um especialista e colocar na balança o que é mais importante nessas situações caso o médico realmente identifique algum tipo de associação do quadro de ronco com o uso dos remédios.