Uma pesquisa publicada na última quarta-feira (26) na revista médica Neurology, da Academia Americana de Neurologia identificou que as pessoas que carregam a variante do gene associada ao maior risco de desenvolvimento de Alzheimer podem apresentar um sintoma em comum.
Segundo os responsáveis pelo estudo, elas podem perder a capacidade de detectar odores mais cedo do que as pessoas que não carregam a variante do gene. Isso, segundo eles, pode ser um sintoma precoce de problemas futuros de cognição. A variante do gene que tem ligação com esse risco de Alzheimer é chamada de APOE e4.
“Testar a capacidade de uma pessoa de detectar odores pode ser uma maneira útil de prever futuros problemas de cognição”, disse Matthew S. GoodSmith, autor do estudo, da Universidade de Chicago. “Embora sejam necessárias mais pesquisas para confirmar essas descobertas e determinar qual nível de perda de olfato prediz o risco futuro, esses resultados podem ser promissores, especialmente em estudos com o objetivo de identificar pessoas com risco de demência no início da doença”, afirma.
A pesquisa testou o sentido do olfato de mais de 865 pessoas – tanto a capacidade de detectar um odor quanto a capacidade de identificar o odor que estavam sentindo. A equipe aplicou os testes em intervalos de cinco anos. As habilidades de pensamento e memória das pessoas também foram testadas duas vezes, com cinco anos de diferença. Amostras de DNA deram aos pesquisadores informações sobre quem carregava o gene associado a um risco aumentado de Alzheimer.
Participantes que carregavam a variante do gene eram 37% menos propensos a ter uma boa detecção de odor do que as pessoas sem o gene. Os pesquisadores levaram em conta outros fatores que poderiam afetar os resultados, como idade, sexo e nível educacional. Os portadores do gene começaram a ter detecção reduzida de cheiros entre 65 e 69 anos. Nessa idade, os portadores do gene podiam detectar uma média de cerca de 3,2 cheiros, em comparação com cerca de 3,9 cheiros para as pessoas que não carregavam o gene.
As pessoas portadoras da variante do gene não mostraram dificuldade na capacidade de identificar o odor que estavam sentindo até atingirem a idade de 75 a 79 anos. Quando começaram a perder a capacidade de identificar odores, a capacidade dos portadores do gene diminuiu mais rapidamente do que aqueles que não portavam o gene.
Avaliação do declínio cognitivo
No estudo, habilidades de pensamento e memória foram semelhantes entre os dois grupos no início do estudo. Mas, como esperado, aqueles que carregavam a variante do gene experimentaram declínios mais rápidos em suas habilidades de pensamento ao longo do tempo do que aqueles sem o gene. De acordo com os pesquisadores, identificar os mecanismos envolvidos nessas relações ajudará a entender o papel do olfato na neurodegeneração.