A estudante de Direito, Victória Soares, que foi agredida pelo namorado, o empresário Matheus Alencar na última quarta-feira (10), em Teresina, relatou ao Programa Ronda Nacional, da Rede Meio Norte, que não acreditou que o agressor estava trafegando normalmente pela cidade e lembrou que quando o amor entre o casal cessou e houve as agressões, “minha melhor alternativa era me jogar da varanda”.
Victória Soares questionou que o empresário não havia sido preso como deveria, algemado. Segundo ela, Matheus foi preso e levado a delegacia dentro de um veículo confortável e com ar condicionado. Mesmo estando preso, ela teme dele pagar a fiança e for atrás dela para matá-la.
“Eu tenho algumas perguntas como resposta: Porque ele não desceu da viatura com algemas? Todo mundo que é preso é algemado no camburão atrás. E ele foi preso no banco de trás de um carro, com ar ligado, sem algemas, porque? Será que essa prisão dele, daqui a pouco está solto? Será que vai ter fiança? Quanto custa a minha vida? Quanto custa a minha morte? Se ele pagar fiança e for solto, eu morro”, conta Victória Soares.
O empresário Matheus Alencar foi preso na manhã desta sexta-feira (12) pela Polícia Civil. A ação foi desenvolvida pela Gerência de Polícia Especializada, que o localizou na região do bairro Planalto Ininga. Segundo a polícia, quando ele entrou em uma farmácia, localizada próximo à casa de familiares, a equipe de polícia deu cumprimento à ordem judicial, conduzindo o empresário para o 12º Distrito Policial e em seguida encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML), para realizar exame de corpo de delito.
“Eu agradeço a Deus por estar acontecendo essa prisão, mas ao mesmo tempo eu também temo, tenho medo. Não pense em dizer assim, que não vai ter fiança. Isso não me dá a sensação de paz não. E se alguém da família fizer alguma coisa comigo? Não consigo comer, sinto os meus nervos no corpo todo, sintomas de medo”, conta a estudante de Direito.
Victória Soares menciona que quando havia brigas, sempre foi atrás de conselhos da família dele, porém nunca recebia uma mensagem de apoio, nem do pai nem da mãe. Segundo ela, ninguém nunca se sentou com o casal para conversar sobre ciúmes.
A estudante de Direito ainda questiona que o agressor foi acobertado pela família após a ocorrência. Ela conta que o pai de Matheus nunca imaginou que haveria um mandado de prisão contra o filho, e a mãe dele, segundo ela, ainda escondeu a arma de fogo do rapaz.
“Ele tem proteção por parte do pai. A mãe escondeu a arma, e o pai não imaginava que ia ter um mandado de prisão. Eu poderia estar morta agora, é bem mais fácil que aconteça minha morte do que a prisão”, disse.
Questionada pela reportagem quando ela percebeu que aquilo já nao era mais amor, ela detalha: "quando minha melhor alternativa era me jogar da varanda, ali eu senti ou morro me matando ou com ele me matando, e eu não quero morrer, ninguém quer morrer”.
A advogada do acusado, segundo Victória Soares, relatou que o empresário arrombou a porta do apartamento da vítima, algo que é questionável, pois “quem arromba uma porta da casa que não é sua, para que, com intenção de que, pq a mãe escondeu a arma? são tantos porquês. Se não existir justiça, vamos falar de morte, mas de que a vitória se matou, e não de que alguém matou”.
Ao Programa Ronda Nacional, o delegado Tales Gomes explicou o questionamento de Victória Soares sobre o acusado não ser conduzido algemado. Segundo ele, houve dois momentos, o primeiro o empresário foi algemado, pois o delegado estava sozinho no momento da prisão. No segundo momento, já em equipe, não tinha necessidade dele ir algemado, segundo o delegado Tales.
“Hoje de manhã, em certo momento no Planalto Ininga, Matheus entrou na farmácia próximo a casa da avó dele, inclusive eu estava na vigila e dei voz de prisão para ele, no momento os policias da minha equipe estava em outro local, e eu sozinho na viatura. Levei ele, e neste momento fiz o algemamento dele. Quando eles (equipe do delegado) chegaram, eu coloquei ele dentro da viatura e retirei a algema porque não vi a necessidade daquilo no momento, porque estava com os outros policiais”, explica o delegado Tales.
O delegado ainda explica que estando na companhia da equipe, não seria necessário o uso das algemas, diferente dele estando sozinho, que colocaria em risco sua vida.
“Há um assunto no STF que exige a fundamentação do uso da algema, a prisão dele foi feita pela minha equipe e já foi registrada em Boletim de Ocorrência, inclusive em obediência, eu já escrevi uma fundamentação sobre o uso de algema para o juiz poder saber o porque que eu usei a algema”, completa o delegado.