Por Matheus Oliveira e Victor Melo
A reportagem do Ronda Nacional conversou na manhã desta terça-feira (22), com Maria Lúcia Ferreira Ferro, avó materna do bebê Wesley Carvalho Ferreira, de 1 ano e 9 meses, que deu mais detalhes acerca do caso. A principal linha de investigação da Polícia Civil é que o menino morreu após a família realizar um jejum por duas semanas e que ele teria sido sacrificado durante um ritual realizado por seus familiares. Além disso, o corpo da criança foi queimado.
Em entrevista a Rede Meio Norte, a avó da criança confirmou a versão do jejum, pedido por um suposto profeta. Segundo Maria Lúcia Ferreira, Wesley Carvalho Ferreira morreu de fome durante esse período nos braços da mãe, Angela Valeria Ferreira, de 21 anos, presa junto ao pai da criança e os avós paternos do menino nesta segunda-feira (21).
“Disseram que eles estavam no negócio de um jejum de duas semanas, que eu não sei que jejum é esse, que estavam com duas semanas sem comer e aí esse profeta escolheu ele neném. Minha filha pediu para fazer o ‘gagau’ ele não deixava, ele chorando com fome, só quando terminasse não sei o que deles lá. O bichinho morreu nos meus braços dela com fome. Ela me contou isso. Estavam na roda deles lá de noite (ritual). Ela também tava morrendo. Se eu não fosse atrás dela eu tinha achado ela morta, como meu neto morreu de fome. Disse que queimaram. Ela disse que depois que aconteceu que quando entregou na mão do homem, pensava que ele ia levar o menino no hospital. Depois disso ela saiu chorando, não viu mais nada e só isso ela me contou. Quero justiça", explicou.
Maria Lúcia Ferreira destacou ainda que sua filha foi induzida a contar a versão do sequestro, de que o corpo estaria em um poço e só depois que ela apresentou a verdade para as autoridades. Wesley Carvalho está desaparecido desde o último dia 29 de dezembro de 2021, quando os familiares divulgaram que a criança foi vítima de um suposto sequestro.
“Só aparece a cara da minha filha e não aparece a cara daquele malvado (suposto profeta). Eu não esperava que ele fosse fazer isso com a minha filha. Estão julgando minha filha, mas ela é inocente. Eu conheço ela e minha filha está sofrendo. Ela foi induzida pelo pessoal dele para não falar a verdade. Era para dizer do jeito que eles disseram, sobre o sequestro, sobre o poço, tudo ela disse. Depois que ela foi contara verdade. Eles são uns monstros. Minha filha é inocente”, pontuou.
O delegado Mateus Zanatta, coordenador das Delegacias Especializadas, está acompanhando as investigações. Segundo ele, a Polícia Civil foi ao local, no povoado São Bento, na divisa entre Teresina e Altos, onde foi indicado que a criança teria sido morta e sacrificada, para a realização da perícia e tentar encontrar os restos mortais do bebê.
“Eles já foram interrogados e existem alguns fatos obscuros e controversos que precisam ainda ser esclarecidos. A Polícia Civil descarta já a hipótese de sequestro dessa criança e trabalha com outras linhas de investigação e uma delas é que a família da vítima ficou em jejum duas semanas, orando e depois sacrificou essa criança, colocando fogo no seu corpo. As investigações continuam com intuito de esclarecer a verdade, iremos fazer perícia no local onde foi indicado que a criança foi morta e sacrificada para trazer elementos técnicos para o bojo das investigações”, finalizou.