Piauí produz meio milhão de ovos por dia

Dados do IBGE mostram que essa produção movimentou R$ 110 milhões

Liana Paiva

repórter

Depois do leite materno, o ovo é o alimento mais completo em nutrientes, encontrado na natureza. Isso é um consenso na ciência. Agora, se faz bem ou mal à saúde, principalmente consumindo em grande quantidades, ainda é a dúvida. Porém, enquanto ainda não definem se o ovo é vilão ou não, o que se pode afirmar é que em 2020 ele foi a salvação. Sempre fiel companheiro dos pratos brasileiros, seja em horas boas ou ruins, o ovo voltou a ter seus dias de destaque, ainda mais nestes tempos de pandemia. A razão é que, com a alta nos preços de outros alimentos, como a carne, por exemplo, a saída foi encontrar outras alternativas. E nesta busca, o ovo é polivalente, seja como base de diversas receitas ou também como fonte de proteína quando preparado sozinho.

No Piauí, a produção para o consumo, ano passado, foi de aproximadamente 182 milhões de ovos, o que representa um crescimento de 1,93%, em relação a 2019. Isso equivale a uma média de quase meio milhão de ovos produzidos por dia. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram, também, que em termos de valor essa produção movimentou mais de R$ 110 milhões.

Ainda assim, os números são considerados baixos na comparação com a média do país. No ranking nacional, o Estado não aparece nem entre os 15 primeiros. No Nordeste, então, é o sétimo maior, a frente apenas de Sergipe e Maranhão. Mas, a alta na produção de ovos no Piauí chama a atenção por ter sido a única entre as proteínas animais.

De acordo, ainda, com o IBGE, a produção de leite industrializado caiu 1,6%; a quantidade de suínos abatidos reduziu 9,7%; bem como a produção de carnes bovina e de frango que tiveram quedas na casa de 16%. “Essas baixas, em todas as espécies, tiveram como causa a pandemia da Covid, que reduziu algumas atividades e até parou outras. Assim, esses produtos registraram alta no preço, o que fez o consumidor procurar alternativas”, avaliou Pedro Andrade, supervisor de pesquisas agropecuárias do IBGE no Piauí.

Entretanto, o analista do IBGE acrescenta que, apesar das limitações de algumas atividades para o controle da pandemia, a pecuária piauiense manteve-se inalterada, por se tratar de atividade essencial, observando os protocolos recomendados pelas autoridades.

E a produção de ovos de galinhas pelas granjas não parou de crescer. “Tudo resultou para o bom desempenho com crescimento na produção do setor granjeiro, maior produção somado a alta na procura pelo produto”, justifica.

 É o caso da técnica em enfermagem Cynara Leite, de 37 anos. Acostumada a comprar duas cartelas, com trinta ovos cada, ela passou a adquirir mais uma cartela todos os meses para complementar na alimentação familiar. O motivo: a alta no preço do quilo da carne. “Ano passado, com a pandemia, todo tipo de carne ficou bem mais cara, até mesmo a de frago. Então, foi o jeito comprar mais ovos e assim ter mais proteína no prato”, explicou.

Granjas registram crescimento

No Piauí, o município com a maior produção de ovos é Valença, com pouco mais de 6,6 milhões de dúzias, representando cerca de 25% de toda a produção do estado. Na sequência, aparece Teresina, com uma produção de 2,8 milhões de dúzias, cerca de 10,85% da produção total piauiense.

E é justamente em Valença que se encontra o maior número de granjas. A maior delas, por exemplo, a Granja Moreira, produz uma média de 240 mil ovos por dia. “Estamos no mercado há quase 35 anos, ou seja, desde 1987, e sempre procurando evoluir e produzir alimentos saudáveis e nutritivos que contribuirão significativamente para o desenvolvimento e qualidade de vida dos nossos consumidores”, afirmou Carlos José Moreira, diretor-presidente da Granja.

Ele acrescenta que a sua empresa é toda informatizada e emprega, atualmente, cerca de 200 funcionários diretamente. “Temos 46 aviários funcionando a todo vapor, ainda mais com o crescimento do consumo do ovo nos últimos meses”, destacou.

E praticamente toda a produção da Granja Moreira, bem como de outras granjas no Estado, é absorvida pelo mercado interno. Na Nova Ceasa, por exemplo, foi registrado um crescimento de 40% nas vendas de ovos. Esse aumento foi verificado em levantamento feito junto aos permissionários do mercado pela pela gerência operacional do entreposto. No local, diversos boxes e bancas comercializam o produto. Segundo permissionários do mercado, as boas vendas de ovos aconteceram logo no início da pandemia.

“Acreditamos que a alta no preço da carne foi o fator determinante para o aumento tão expressivo das vendas de ovos, se comparado ao mesmo período do ano passado. Aqui no nosso box, há meses que as vendas subiram em até 40%”, disse Ezequias Cardina, gerente de uma empresa que comercializa ovos na Nova Ceasa.

A caixa do produto, com 360 ovos, custa, em média, R$ 120. A cartela com 30 ovos é comercializada, em média, por R$ 10.

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