O agro além de pop é tech, essa junção vem facilitando a vida de empresários em todo o mundo. Lançada em 2019, a tecnologia da startup Halter que usa inteligência artificial para monitorar rebanhos de bovinos é hoje uma das ferramentas mais usadas por produtores de leite da Nova Zelândia.
Segundo estimativa, uma em cada quatro vacas usam a “coleira inteligente" desenvolvida pela empresa, o número faz referência a mais de 1 milhão de animais do país. O acessório usa um modelo de inteligência artificial (IA), batizado cowgorithm e permite fazer o rastreio dos animais.
A criação do engenheiro mecânico Craig Piggott fez com que a Halter entrasse na lista global das 20 startups agrícolas que mais arrecadaram em 2023. Com sede em Auckland, a empresa fechou o ano com mais de US$ 53,3 milhões. Além disso, seu fundador marcou presença no ranking 30 Under 30.
Craig Piggott de 26 anos, foi eleito em 2021 pela renomada revista Forbes, como um dos empreendedores mais inovadores do mundo, com menos de 30 anos. Além de GPS e mapas de calor, a invenção permite pelo celular ter acesso em tempo real a dados como qualidade do pasto, localização dos animais e até mesmo o estado de saúde.
Ao longo dos anos vários tipos de tecnologia no estilo “cerca virtual” surgiram, porém a grande maioria é usada apenas como suporte do modo de monitoramento natural. Esse inclusive é usado por pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, da Universidade de São Paulo. Ele permite reduzir riscos como fuga, furto, roubo e exposição a doenças.
Sons e vibrações
E não para por aí, a coleira usa leves vibrações e sinais sonoros para guiar os animais para uma determinada região. Cada uma é individual, isso permite com que a coleira inteligente aprenda os hábitos de cada vaca ou boi, fazendo com que cada animal tenha uma experiência única.
Caso o bicho saia de onde foram estabelecidos os limites, a coleira usa uma pulsação para que ele retorne à rota. Isso inclusive permite a redução da ocorrência de claudicação ou também conhecida como "manqueira". A doença atinge o casco dos animais e ocorre por problemas como o piso onde os animais ficam ou por deficiências alimentares.
Além disso a coleira permite o chamado pastoreio rotativo, nesse modelo a pastagem é feita intercalada, garantindo a saúde do solo, e dos animais, que conseguem produzir mais e claro gerar cada vez mais renda para os produtores. Cerca de 85% da lucratividade acontece por conta da boa qualidade do pasto.
O modelo é usado por mais de mil produtores neozelandeses e também da Tasmânia. A startup já decodificou mais de 84 mil quilômetros de cercas virtuais nos dois países. A quantidade é suficiente para dar duas voltas na Terra. A coleira custa apenas US$ 96 por ano, além de oferecer suporte para o produtor 24 horas por dia, sete dias por semana.