Um dos momentos mais prazerosos do dia para os praticantes de atividades físicas é aquele em que ele ganha as ruas e parques para tirar a tensão de mais um dia de trabalho. Porém, para os moradores das grandes cidades, correr ou andar de bicicleta ao ar livre requer cuidado para evitar que o que faz bem, acabe ocasionando algum mal para a saúde.
A poluição é a grande vilã dos esportistas nas grandes cidades, segundo especialistas. Raul Santo de Oliveira, pesquisador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte (CEMAFE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que muitas pessoas convivem e fazem suas atividades em locais com grande concentração de poluentes, o que acarreta a diminuição do rendimento e riscos para a saúde.
"O monóxido de carbono, por exemplo, prejudica a oxigenação dos tecidos e, por isso, é classificado como um asfixiante sistêmico. Mesmo em pequenas quantidades no sangue causa prejuízo no desempenho, por redução na capacidade de transporte de oxigênio até as células musculares. A exposição do indivíduo a múltiplos poluentes, como ocorre em áreas urbanas, pode causar efeitos aditivos sobre a saúde e a performance humana.", explica.
Segundo ele, o quadro se agrava ainda mais durante os meses mais frios do ano. "No inverno, a situação é ainda mais grave devido às condições meteorológicas desfavoráveis para dispersões de poluentes à ocorrência de inversões térmicas. Os congestionamentos agravam ainda mais as emissões colocando os praticantes de atividades físicas em maior risco".
O médico Ubiratan de Paula Santos, pneumologista do Instituto do Coração e presidente da Comissão de Doenças Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), afirma que diversas pesquisas comprovaram o impacto negativo dos poluentes na saúde da população dos grandes centros. Segundo ele, cerca de 800 mil pessoas morrem por ano no mundo devido à poluição nas ruas.
"Cronicamente, a exposição a estes resíduos prejudica o desencolvimento pulmonar. As pessoas que fazem exercício têm um dano ainda maior, pois respiram uma quantidade até 4 vezes maior de oxigênio com poluentes do que aquelas que estão em estado de repouso", afirma.
De acordo com o penumologista, os riscos são ainda maiores para pessoas que tenham desenvolvido - ou, mesmo, que tenham a predisposição para - doenças coronarianas e pulmonares. "Em pessoas que tenham insuficiência respiratória ou cardíaca, asma, enfizema, diabetes ou doenças cardíacas estabilizadas, a poluição pode causar uma reviravolta no quadro clínico, chegando a causar até mesmo infarto".
Cuidados
Ubiratan ressalta que o alerta sobre os riscos de se fazer exercício ao ar livre não devem, nunca, desestimular os praticantes de atividades físicas. "O ideal seria acabar com a poluição, mas como sabemos que isto é muito difícil, aconselho as pessoas a tomarem alguns cuidados, principalmentes nesta época do ano, quando aumentam os resíduos no ar", afirma o pneumologista.
Segundo ele, no entorno das vias onde há maior movimentação de carros se concentram os mais altos índices de poluição. "O ideal é praticar exercícios em áreas longes destas avenidas. Para corredores e ciclistas é preciso obedecer uma distância mínima de 100 metros destas regiões".
Ubiratan ainda orienta os atletas a evitarem os horários de pico nas grandes cidades - entre 7 e 9 horas da manhã e no período que vai das 5 da tarde às 8 horas da noite. "Neste momento, o nível de qualidade do ar é horrível. Poupe seus pulmões."
Outra dica interessante do médido, que serve para aqueles que pensam estar mais protegidos dentro de uma academia, é saber como é feito o sistema de renovação nos locais onde se pratica exercício.
"Se uma academia ou ginásio não fizerem a manutenção correta destes equipamentos, o efeito sobre a saúde dos alunos podem ser ainda pior do que se se praticar uma atividade física na rua".