SUA HISTÓRIA...
Foi em Souza, Estado da Paraíba, que o sr. João de Deus da Silva e dona Carlota conceberam o filho Bartolomeu da Silva. Devido às dificuldade e pensando em melhorar de vida, mudaram-se para Mossoró quando o garoto contava seus dez anos de idade. Foram morar no bairro Doze Anos, precisamente na Rua Lopes Trovão.
Nessa época o velho Mota, chefe da charanga do Potiguar, montou um barraco à sombra de um enorme tamarindeiro nas imediações da estação ferroviária. Como era uma espécie de gruta, pois cercou o ambiente, deixando somente a porteira de entrada, denominou-o "Buraco do Tatu". O negócio expandiu-se, pois alguns ambulantes logo começaram a cercar o local com quiosques para negociar diversos produtos, em bancas ou mesmo no chão.
Virou uma feira livre. Era uma espécie de mercado do peixe a céu aberto. Foi lá que "seu" João de Deus resolveu se estabelecer em um quiosque, vendendo frutas. E Bartolomeu ajudava nos negócios, no que fosse possível. Logo cedo, o garoto começou a compor. Fazia uma música atrás da outra. Aprendeu fazer alguns acordes ao violão e começou a se destacar como cantor. Com o fechamento do "Buraco do Tatu", pelo prefeito da época, "seu" João de Deus resolveu mudar-se com a família para Riacho Grande, zona rural do município, proximidades da Serra Mossoró. "Seu Mané", locutor e apresentador do "Show das Dez", que ia ao ar pela Rádio Rural, conta que um certo dia ouviu falar de um tal de Bastinho Silva, que cantava muito bem e que morava na Serra Mossoró. Deslocou-se até lá e trouxe o garoto para se apresentar no seu programa, que era realizado no Mini-auditório Flora Diniz Barreto, nas dependências da própria emissora. Foi um sucesso.
Segundo ano do concurso "A Mais Bela Voz", em 1969, Bastinho Silva se inscreveu e foi ganhando etapa por etapa, até que foi à final e abiscoitou o primeiro lugar, segundo ele próprio. Em seguida, resolveu migrar para São Paulo. Teve a participação importante na sua carreira, que foi a do mossoroense Oséas Lopes, hoje Carlos André, que também saíra daqui com o "Trio Mossoró" para tentar a sorte no Sudeste ao lado dos irmãos João Batista, hoje conhecido por João Mossoró, e Hermelinda. "Bastinho Silva não soa bem como nome artístico", opinaram os parceiros. Já que seu nome próprio é Bartolomeu, resolveu adotar Bartô Galeno. Até então o seu forte era compor.
Mas São Paulo não era o ideal, porque na época estava no auge do movimento da Jovem Guarda, promovido basicamente pela gravadora CBS, e todas as atenções estavam voltadas para o Rio de Janeiro. Bartô Galeno mudou-se para lá. Parcerias de peso e seu talento fizeram com que 40 músicas fossem gravadas com suas assinaturas. Os nomes de Antônio Pires (mineiro de Ubá), Carlos André, Fernando Léllis, Fernando Mendes, Odair José e Genival Santos (com a música de grande sucesso que diz "Se errar uma vez, dou castigo para não se acostumar; se errar outra vez, mando embora para aprender a me respeitar") alavancaram sua carreira de maneira extraordinária. Aí passou, também, a cantar, que ninguém é de ferro. Sua primeira participação numa gravação foi ao lado de Elino Julião com a música "Mossoró, Mossoró" que continua com "terra boa é meu xodó". Em 1975, grava o seu primeiro Long Play (LP), tendo como carro-chefe a música "Só Lembranças", até hoje cantada e servindo de piada quando alguém passa um cheque sem fundos ou desaparece alguma coisa sem chances de recuperação: "Só lembranças, com Bartô Galeno".
Até hoje faz sucesso. Um de seus parceiros foi Regy Campelo, principalmente na música "Saudade de Rosa". Bartô é de uma humildade franciscana. Alterna seu tempo no seu apartamento, que adquiriu em 1969, no Rio de Janeiro, em outra residência em Fortaleza (Ceará), onde tem seu escritório central e em Mossoró, que considera sua terra natal e não faz falta nunca por aqui. Quando na cidade, percorre tudo quanto é local que promova música ao vivo.
Do mais ao simples ao mais sofisticado. Pode-se encontrá-lo no Boulevard Central, no Ôba Restaurante, na Aspetro, no Extra, no Picanha, no Cândidu's, e durante o dia nos bares, cumprimentando amigos e fãs. Não raro é vê-lo na Rua Francisco Peregrino, famoso Beco das Frutas, na confluência dos fundos da Catedral com o Mercado Central. Recebe a todos com sorriso aberto. Encontramo-nos por diversas vezes. Cantamos juntos, bebemos juntos.
O nordestino é discriminado por seu porte de baixa estatura, cabeça chata, jeito humilde. Comigo mesmo aconteceu de estar na área da minha residência, bairro Paredões, quando se aproxima um sujeito, com pinta de vendedor, todo arrumado, e diz: "Quero falar com o dono da casa". Ao que indaguei: "O que o senhor deseja?" E ele insistiu: "Quero falar com o dono da casa". Não é que o cara entendeu que não fosse eu o proprietário do imóvel!? Fui taxativo: "Não vou lhe receber, amigo. Passe bem". A propósito, conta-me sorridente Bartô Galeno que estava com show marcado num grande clube do Rio de Janeiro.
O seu parceiro que lhe acompanhava, de nome Airão, era um louro alto, elegante, boa pinta. Ao chegarem à entrada, o porteiro barrou-lhe dizendo: "Só o artista. O acompanhante não tem permissão para entrar". Airão nem percebeu o ocorrido e, quando já adiante, olhou para trás e, não encontrando o amigo, voltou rápido explicando ao homem da porta que aquele era o cantor que iria se apresentar. Bartô encaminhou seus filhos também para a arte. Bartôzinho já faz sucesso há muito tempo, é contratado da TV Diário, de Fortaleza, como cantor e como ator. Compõe e canta. Agora desponta o mais novo, Daniel Galeno, que está lançando CD na praça.