O programa Bom Dia Meio Norte conversou, na manhã desta segunda-feira, 20 de março, com o empresário Edson Novaque, pai do estudante de direito João Pedro Lima Teixeira, morto na última sexta-feira, durante uma tentativa de assalto na Vila Samaritana, na zona Leste de Teresina.
De acordo com Edson, seu filho vivia intensamente e não tinha medo de enfrentar nada que era novo, como se realmente soubesse que ia ter uma vida curta. “Eu construi essa empresa junto com ele, tenho um tempo que trabalho com atendimento a salão de beleza no Piauí e o João veio em um momento muito importante, eu logo cedo tive um problema cardíaco e eu era sozinho e Deus, ele aos 15 anos disse um dia para mim: ‘pai me dá oportunidade de eu trabalhar, de fazer as entregas’. Eu disse: ‘João você só tem 15 anos e ele pegou uma moto com 15 anos e fazia todas as entregas. A partir desse momento ele entrou nessa empresa e foi meu braço, minhas pernas, era a parte intelectual, sempre inovando, buscando mudar a empresa, a empresa cresceu, ganhou uma nova cara, e às vezes isso fazia a gente ter até discussões porque o que é novo faz com que a gente tenha medo de enfrentar e o João vivia intensamente e não tinha medo de enfrentar nada que era novo, ele aceitava os desafios como se ele realmente tivesse uma vida curta, então ele tinha que passar por tudo aquilo naquela intensidade e naquela velocidade”, declarou.
“O João viveu intensamente esses 23 anos. A gente teve um presente de Deus por 23 anos, eu não sei como Deus me presenteou com uma pessoa como João, eu não me acho digno de ser pai de uma pessoa como ele. Eu tenho encontrado a todo momento pessoas que falam de coisas boas que o João fez por eles, e muitas vezes eu cobrava mais ele aqui nos últimos tempos e ele estava ajudando as pessoas. Ele estava no ultimo ano para se formar e eu dizia que faltava estudar um pouco mais e ele dizia ‘pai o senhor não sabe o que está me cobrando’, ele morava com a mãe passava o dia comigo e eu fui lá e vi os livros dele”. contou o pai.
O empresário relatou ainda como tudo aconteceu momentos antes do crime. “Ele estava fazendo uma entrega de uns produtos, eu estava na zona Sul de Teresina fazendo um atendimento e ele já tinha feito outros atendimentos. Eu liguei para ele para que ele fosse fazer um atendimento no Renascença, ele estava atendendo um amigo nosso aqui e o amigo saiu na frente. Eu disse: ‘João faz o cadastro da cliente e leva o produto’, ele disse: ‘Pai está vindo uma chuva, ela é nossa cliente eu não vou fazer o cadastro mais, eu vou rápido antes da chuva, eu vou levar só a maquineta’. Se ele faz esse cadastro demoraria uns 4 minutos talvez ele não tivesse encontrado os bandidos na rua, mas ele queria ir rápido por conta da chuva. E o rapaz que estava aqui saiu na frente viu os bandidos, fugiu dos bandidos e passou a mensagem para ele só que ele já tinha botado o celular no bolso e tinha saído e não viu”, lamentou.
Sobre um sonho do jovem, Edson Novaque relatou que João Pedro queria ver os pais serem amigos novamente, algo que não aconteceu em vida. “O que eu queria dizer para ele e ele sabe e para os pais que são separados, o sonho dele era ver isso aqui a gente se perdoar e a gente não permitiu em vida que ele visse isso aqui. Hoje eu tenho uma outra pessoa, mas a Rosilene é minha amiga novamente, durante 9 anos ele lutou por isso aqui. Você pai e mãe separados, não guarde essa mágoa, eu sei que uma separação dói, e hoje o João não está aqui para completar esse abraço, mas hoje eu sinto a presença dele aqui”, disse.
O pai do jovem pediu Justiça pela morte do filho: “O que revolta ainda mais é saber que a pessoa que tirou a vida do João já era um latrocida. Aquele rapaz que tirou a vida do meu filho me parece ser uma pessoa pobre. Como é que aquele rapaz conseguiu sair da cadeia tão rápido para cometer mais crimes? Eu queria muito saber o nome do magistrado que deu essa sentença para libertar esse rapaz, eu queria pedir para esse magistrado se ele tiver filho ou filha que ele vá no quarto dele e dê um abraço muito forte no seu filho, se o filho dele não morar mais com ele que ele ligue, para que ele saiba que isso dói demais. Esse é meu grito de justiça, vocês já ouviram muitas vezes muitas pessoas dizerem que não querem que a morte do filho seja em vão, eu peço que não deixe ser mais um grito em vão, amanhã vamos fazer um encontro com varias pessoas no parque da Cidadania às 19h para clamar por justiça”, apontou.
“Todos os dias nas minhas orações eu tenho agradecido a Deus por ter me dado o prazer de ser o pai do João Pedro, eu tenho que ser melhor porque Deus me permitiu ser o pai dele, você pai, você mãe que ver seus filhos ter sonhos diferentes, vivencie o momento com o filho, conheça os amigos, faz uma festa na sua casa, aproveita que é muito bom, ele só tem uma juventude diferente da que você teve. Pai e mãe não deixe o seu filho sozinho”, finalizou.