Pistoleiro que matou empresário é acusado de 30 homicídios

O delegado João Rodrigo Lunna, contou detalhes da investigação que durou todo esse tempo.

Na manhã de ontem a Polícia Civil do Piauí, com apoio da Polícia Civil de Pernambuco, Polícia Civil de Alagoas e Polícia Rodoviária Federal, deflagrou a operação Sicário e realizou a prisão de oito pessoas envolvidas na morte do empresário Janes Cavalcante de Castro, de 53 anos, ocorrido no dia 18 de setembro de 2020, na cidade de Parnaíba.

Em entrevista ao programa Bom Dia Meio Norte, o delegado João Rodrigo Lunna, contou detalhes da investigação que durou todo esse tempo.

"Essa é uma investigação que já dura muito tempo. A partir do momento do crime nós fomos até o local, nessa época o delegado Igor estava de férias, eu fiquei a frente do caso durante 12 dias, depois ele se inteirou da situação. Eu mesmo passei dez dias no sertão pernambucano, alagoano, já fazendo esse levantamento quando começamos a desconfiar que teriam pessoas envolvidas que residiam naquela localidade, até porque não temos como resolver por telefone", declarou.

Segundo o delegado, o acusado de realizar os disparos contra o empresário já responde por mais de 30 homicídios na justiça. "Quando acontece o crime nós vamos até o local, recolhemos os primeiros elementos, foi um crime que não deixou testemunhas, não era uma briga de família, não era uma briga entre vizinhos, a gente viu que era uma execução, um crime de pistolagem. O executor identificado como Edson Carlos Veríssimo da Silva é muito experiente, a Polícia Civil de Alagoas estima que ele tem mais de 30 homicídios. Ele conseguiu efetuar os disparos com o carro estando em movimento, ele também estando em movimento na garupa da motocicleta conseguiu acertar e de lá ele fugiu. Eles atravessaram a Avenida Pinheiro Machado no sentido do mercado e logo em seguida o outro parceiro deles, o Robervan parou o carro e fugiram em seguida para o Ceará", declarou.

Edson Carlos é apontado na investigação como o pistoleiro que realizou os disparos que mataram Janes - Foto: Polícia Civil

"O Robervan é natural de Arcoverde, no Pernambuco e lá é onde ele mantêm o escritório do crime, o escritório de homicídios, ele é como se fosse o dono da empresa, uma empresa de praticar homicídios a gente já viu que em outras situações ele também é chamado para a prática de homicídios. Então ele é a pessoa que organiza quando alguém precisa matar alguém, é só contratar o Robervan", afirmou o delegado.

José Robervan é o chefe dos homicídios, ele é contratado para pegar uma equipe para matar - Foto: Divulgação/Polícia Civil

João Rodrigo Lunna narrou em detalhes como foi a investigação. “Uma parte da quadrilha veio uma semana antes para a cidade em um veículo modelo Siena Branco. Um dia antes do crime uma pessoa trouxe a moto, que veio em cima de um carro justamente para não deixar caminhos. Eles pensaram em tudo para dificultar a investigação, são profissionais no que fazem”, disse.

“Eles já estavam aqui em Parnaíba há mais ou menos cinco seis dias, paravam o carro próximo a residência da vitima, via o horário que ele saía, o carro que ele saía e nós conseguimos verificar que eles já tinham feito esse levantamento. A partir daí encontramos os outros elementos”, afirmou o delegado.

Janes Cavalcante foi surpreendido e morto a tiros em Parnaíba em setembro de 2020 - Foto: Reprodução

Sobre os pagamentos, o delegado afirmou: “Tem duas formas de depósito, uma que a gente acredita que seja para o custo do trabalho que foi de 6 mil que foram feitos no dia anterior ao crime na conta do Robervan  e outro na conta de outra mulher que foi presa. Uma segunda mulher que foi presa é a esposa do Edson, do executor, que ele utilizava as contas dela para receber os valores inclusive na conta dela já tem um volume de dinheiro bem maior. Nós pedimos a justiça para ser bloqueado todos os valores”, informou.

O delegado disse ainda que é muito cedo para se concluir uma possível motivação do crime, mas adiantou que o mandante pode ser uma pessoa com a qual Janes mantinha contato profissional. "Quando surge um crime desse a gente tem duas linhas de investigação, temos que investigar a execução do delito e depois a motivação para fazer uma ligação. Nós conseguimos fechar a execução, o Janes ao falecer tinha muitos credores, tinha uma lista de credores, profissionalmente ele estava meio enrolado e isso surge muitas suspeitas, mas tudo tem que ser verificado, a investigação não acabou. É bem provável que o mandante tenha sido piauiense porque é aqui que o Janes vive, e é aqui que ele arrumou as suas inimizades, então o mandante é a pessoa que está ligada de alguma forma aos negócios do Janes, essas pessoas que são de fora, de Pernambuco de Alagoas, elas foram contratadas para fazer o serviço, elas não tem vínculo com o Janes, a pessoa que tem esse vínculo, esse ódio que causou a morte dele, que contratou pistoleiros profissionais e gastou uma grande quantidade de dinheiro nesse serviço, provavelmente é uma pessoa que tinha uma relação com ele ou que teve", finalizou.

Tópicos
SEÇÕES