O ex-capitão da Polícia Militar Allison Wattson da Silva Nascimento, condenado a 17 anos e seis meses de prisão pela morte de Camilla Abreu, de 21 anos, foi visto consumindo bebida alcoólica em um sítio na zona Sudeste de Teresina. O vídeo, obtido com exclusividade pelo Bom Dia Meio Norte, foi divulgado nesta terça-feira (16) e mostra o ex-capitão bebendo cerveja e cantando com os amigos durante uma saída temporária.
No ano passado, a Justiça concedeu progressão para o regime semiaberto a Allison Wattson. A decisão foi proferida em 19 de setembro de 2022 pelo juiz de direito Carlos Hamilton Bezerra Lima, da Vara de Execuções Penais em Regime Fechado e Semiaberto de Teresina. O Ministério Público manifestou-se favoravelmente ao pedido.
A data para o benefício da progressão da pena era 17 de dezembro, contudo, foi antecipada porque Allison Wattson tinha 177 dias trabalhados na Penitenciária Irmão Guido, recebendo o direito a 59 dias de remição da pena. Com a mudança para o regime semiaberto, o ex-capitão ganhou o direito de sair e trabalhar fora do presídio, retornando ao sistema prisional no fim da tarde.
O advogado Lúcio Tadeu Ribeiro afirmou que o vídeo que mostra o ex-capitão da PM em uma confraternização regada à bebida alcoólica configura um flagrante desrespeito à Lei de Execução Penal.
"Ele deverá responder perante a Vara de Execuções Penais e, quem sabe, até mesmo ter uma regressão do regime, voltando para o regime fechado. A progressão de regime e essas saídas eventuais em determinadas épocas estão previstas na nossa execução penal, são normais, são regidas pela lei, e a autoridade judiciária não pode se furtar a aplicá-las. No entanto, diante desse desvio de conduta, da inobservância e do descumprimento das regras impostas pela Lei, certamente haverá sanções, sendo uma das mais graves a regressão do regime, passando do regime aberto para o regime fechado", disse o advogado.
O crime
O ex-capitão da Polícia Militar, Allison Wattson, teve um relacionamento conturbado de aproximadamente dez meses com a estudante de direito Camilla Abreu. Durante esse período, amigos próximos da estudante relataram que o réu demonstrava um comportamento "agressivo", além de ser extremamente ciumento e possessivo.
Na noite de 25 de outubro de 2017, Wattson foi a última pessoa a ser vista com Camilla e somente cinco dias depois confessou tê-la matado com um tiro na cabeça dentro de seu próprio carro, enterrando o corpo em um lixão na zona rural de Teresina, no povoado de Mucuim.
O desaparecimento de Camilla foi registrado no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), iniciando-se assim uma investigação policial. Durante os cinco dias em que a família procurou pela estudante, o policial alegava tê-la deixado na casa de seu pai após um encontro, e afirmava não tê-la visto desde então.
Allison foi preso após confessar o crime e indicar o local onde havia ocultado o corpo. Inicialmente, ele alegou que o tiro havia sido acidental, porém, o laudo pericial descartou essa possibilidade. Ele foi preso em flagrante e, um dia depois, sua prisão foi convertida em preventiva.
Após perder a patente e ser expulso da Polícia Militar em fevereiro de 2019, o ex-capitão permaneceu em um presídio militar antes de ser transferido para a penitenciária Irmão Guido.
A Polícia Civil indiciou o ex-namorado da vítima pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. A perícia também constatou que Camilla foi agredida antes de ser morta com o tiro na cabeça. Em fevereiro de 2018, durante a audiência de instrução e julgamento, decidiu-se que o caso seria levado a júri popular, onde crimes dolosos contra a vida são julgados.