Aluno que atacou escola escreveu carta revelando motivo do crime; veja

Além da carta, o adolescente escreveu postagens no Twitter horas antes do ataque. “Vocês acham que eu faço amanhã?“

O estudante de 13 anos que matou a facadas uma professora e feriu outras quatro pessoas na escola Estadual Thomazia Montoro, na zona Oeste de São Paulo, escreveu uma carta para a família revelando o motivo do crime. Além disso, ele fez postagens no Twitter horas antes do ataque.

Na carta, o adolescente pede desculpas para os familiares e revela que durante um tempo guardou muita tristeza e ódio. 

“Carta de pedidos de desculpas

mãe, irmão, tia vó, me desculpem por decepcionar vocês, sei que não fui o que esperavam, sinto muito, mas estou lutando por uma causa maior, guardei muita tristeza e ódio ao longo de todos esses anos mas ninguém percebeu, porque eu sempre coloquei um sorriso na cara independente da situação que eu estava passando, estou planejando isso desde os 11 anos e não desistirei agora. Bullying, tristeza e ódio a combinação perfeita para criar uma mente fodida e acabar fazendo alguma besteira”.

Em uma das publicações no Twitter, o aluno escreveu: “Vocês acham que eu faço amanhã e vê o que vai acontecer sem um armamento decente ou não?”.

Logo depois, faltando poucas horas para o crime ele decidiu: “Irá acontecer hoje, esperei por esse momento minha vida inteira, tomara que consigo alguma kill pelo menos, minha ansiedade começa atacar por causa disso, enfim …me desejem boa sorte”.

Em uma das respostas a publicação, um usuário diz se sentir honrado por ter sido “amigo” e “mentor” do estudante responsável pelo ataque.

Após o crime o adolescente foi apreendido e transferido para uma unidade da Fundação Casa. O judiciário deve marcar uma audiência e ele deve ficar cerca de 45 dias internado, até saber a sentença. 

O delegado Anchieta Nery, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, informou em entrevista ao Bom Dia Meio Norte que os adolescentes com esses pensamentos, encontram na deep web um incentivo ao ódio. 

“A deep web é uma camada da internet onde eu tenho uma certa garantia de anonimização ou a maioria dos usuários acredita que está ali anônimo. Adolescentes que tem um comportamento como o dele geralmente a gente vai encontrá-los nos fóruns chamados ‘chans’. São fóruns onde você está anônimo e ali se sente confortável para conversar absurdos, conversar sobre situações que tendo que expor seu rosto e seu nome normalmente você não falaria. Lá a gente vai ter compartilhamento de atividade criminosa, compartilhamento de situações de ódio, muitos meninos, adolescentes que sofrem bullying procuram esse tipo de fórum e só o que acontece lá dentro é xingamento e mais ódio, então fica o esquema de incentivo que só vai levar a coisa ruim”, disse. 

Adolescente foi apreendido logo após ataque - Foto: André Ribeiro/Futura Press/Estadão Conteúdo

Delegado Anchieta Nery, titular de Crimes de Informática - Foto: Fábio Carvalho

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