Intervenções que dividem opiniões. Em dois condomínios em Teresina, João Emílio Falcão e Conjunto Morada Nova, há construções que descaracterizam a estrutura original dos blocos, pois garagens, muros e até novos apartamentos invadem a área comum, que seria um direito de todos.
Daniel Oliveira, síndico de um dos blocos do Emílio Falcão, no bairro Cristo Rei, afirma que é contra o que ele chama de abusos e considera que as construções acontecem há mais de 10 anos. “Quatro apartamentos do meu bloco foram puxados sem nenhum acompanhamento de engenheiros, a não ser com o conhecimento apenas do pedreiro, o que não é suficiente para mexer numa estrutura que pode comprometer todo o condomínio. Até o momento não tenho conhecimento de nenhuma denúncia. As calçadas ficam mínimas e deixam o conjunto cada vez mais feio."
A norma 16/280 da ABNT estabelece que qualquer reformas que interfiram na estrutura dos prédios tem que ter acompanhamento de profissionais na área de engenharia ou de arquitetura, o que nem sempre acontece.
Odiran Trajano, que já foi síndica por 12 anos, também é contra os puxadinhos. Ela afirma que as intervenções feitas no seu bloco de apartamento no Conjunto Morada Nova I seguem as orientações técnicas. "Eu acho que é necessária a orientação do técnico. Fiz uma intervenção, mas trouxe um engenheiro. Fiz a mudanças com um outro morador. Nós parcelamos o valor do dinheiro para o engenheiro."
Uma mulher que prefere não ser identificada, diz que é a favor das construções. “Eu acho certo porque desde o começo fazem. Eu sou a favor que façam garagens, fazer puxadas.”
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), Paulo Roberto, pequenas mudanças podem ser feitas, mas é necessário atentar para as que mudanças não atinjam a estrutura. Caso seja feita qualquer mudança, que seja chamado um engenheiro para acompanhar a obra. “O grande problema é que todos acham que são donos do apartamento e que devem mudar o layout como quiserem. Dentro do apartamento é difícil uma fiscalização. Portanto, quem será responsável por tudo o que acontecer nos prédios será o síndico. Mudar uma porta não tem problemas, mas fazer parede e colocar uma nova porta, é preciso o acompanhamento de um profissional habilitado.”