A candidata ao Governo do Piauí pelo Partido da Causa Operária (PCO), Lourdes Melo, foi a segunda a participar da série de sabatinas com candidatos nas eleições de 2018, no Agora da Rede Meio Norte. Ontem, o jornal recebeu Romualdo Sena, candidato ao Governo pelo partido da Democracia Cristã (DC).
Lourdes respondeu perguntas dos integrantes do programa, jornalistas Arimatéa Carvalho, Samantha Cavalca, Ananias Ribeiro e o apresentador Amadeu Campos. Nos 10 minutos finais, a candidata respondeu questionamentos enviados pelos telespectadores. A sabatina teve duração de 30 minutos.
Na entrevista, a candidata afirmou que colocou seu nome à disposição para defender os direitos da classe trabalhadora. Lourdes questionou o pouco tempo disponibilizado para seu partido na propaganda eleitoral e falou do apoio a candidatura do ex-presidente Lula. "Tirando o Lula de fora, é uma eleição antidemocrática", afirmou. "O resultado da eleição é uma ditadura", disparou.
Amadeu Campos: Candidata, o senhora se considera preparada e quer governar o Piauí?
“Gostaria de dar um boa tarde a população do Piauí, aos homens, mulheres e estudantes e toda a classe trabalhadora. Nós participamos das eleições porque no período eleitoral é um momento muito fértil, as pessoas discutem política, é um momento onde os problemas relacionados com às reivindicações da classe trabalhadora é também debatido por nós. Mesmo achando que a eleição é um período altamente antidemocrático para principalmente o nosso partido [PCO] e os partidos da classe trabalhadora, mas nós participamos para ocupar esse espaço, fazer esse debate. Mesmo sabendo que é uma ditadura, por exemplo, o Amadeu, ele só fala comigo, só me entrevista de dois em dois anos, porque é o período permitido, por regra, que eu fale nos meios de comunicação, então os meios de comunicação é um espaço controlado pelas concessões e que deveria ser aberto cotidianamente para todas as pessoas, de forma democrática; os partidos grandes, não. O Amadeu quando eu cheguei aqui, ele me perguntou ‘você decidiu de última hora?’ Não! Nós, do Partido da Causa Operária, nós temos um programa para os trabalhadores, mas não temos esse espaço para falar na TV. Nós temos propostas, mas nunca temos, somente agora, por força dessa organização que as TVs fazem, a gente está aqui dizendo. Então nós da Causa Operária temos as melhores propostas, porque se trata realmente dos interesses, dos direitos da classe trabalhadora”, afirmou.
Samantha Cavalca: Candidata, a senhora é vista, inclusive dentro do próprio partido, como uma pessoa radical. Eu queria saber se a senhora se considera radical e se eleita for, como pretende organizar a governabilidade junto à Assembleia Legislativa?
“O quero dizer para muitos, porque as eleições elas são manipuladas, de forma que o sistema diz também que para uns tem que viver num mar de rosas e para os demais, que é a grande maioria, que não tem essas condições. Então defender um salário de R$ 5 mil para os trabalhadores, isso é ser radical? defender também o piso salarial dos professores que agora estão em greve, que é apenas R$ 2.300, é ser radical? Não, nós somos intransigentes com os direitos dos trabalhadores”, esclareceu.
A candidata ao Governo questionou o curto espaço na propaganda eleitoral e disse que irá usá-lo para ‘defender as causas da classe trabalhadora”.
“Não vou aqui dizer que nós não temos recursos para viajar os 224 municípios do Piauí e no nosso tempo na televisão acreditamos que seja 8 segundos no programa eleitoral gratuito, que nós possamos vir ser vitoriosos nessas eleições. Nós não somos aqui, criamos essa ilusão. Nós queremos é usamos esse espaço, dizer que usamos o espaço para defender o direito da classe trabalhadora, de forma intransigente, e dizer que o jogo já está marcado. A ditadura, veja bem, são cartas marcadas para os partidos que compram votos e ganham as eleições”, disparou.
Arimatéa Carvalho: candidata, o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, declarou há alguns dias apoio a candidatura do ex-presidente Lula. Caso Lula seja eleito ou alguém indicado por ele, o PCO estará no poder, porque apoia o ex-presidente, mas uma das frases, palavras é ‘partido da classe operária, da revolução, do comunismo’, então como conciliar esse ideário comunista caso Lula ou alguém indicado por ele em uma gestão capitalista? Como fazer essa conciliação ideológica?
“Olhe, nós do Partido da Causa Operária, nós apoiamos o Lula incondicionalmente. Incondicional, mas não quer dizer que nós estejamos pleiteando com o Lula, com o governo do PT, cargos. Nós não queremos administrar em aliança com a burguesia, nem tampouco fazemos esse acordo, esse apoio a candidatura do Lula prevendo ‘cargos’”, se defendeu. Amadeu Campos: candidata, o ideal de cada partido não é chegar ao poder? O PCO quer fazer campanha, quer eleger, mas não quer participar, realizar as obrigações de governo?
Segundo a candidata, há um 'jogo' montado para 'evitar' a eleição do ex-presidente Lula. “Nós defendemos a candidatura do Lula porque ele é o candidato que está aí em jogo para que elenco possa governar, mesmo estando em primeiro lugar nas pesquisas. Por que é? Porque a burguesia, o Estado Capitalista, ele ataca o direito da classe trabalhadora, privatiza, terceiriza, acabou com a CLT e está estragando as grandes riquesas dos nosso país, como pré-sal. É como se a gente vivesse há 70 anos atrás, sem os direitos trabalhistas e sem as riquesas e vai voltar o tempo do Brasil Colônia, que os minérios, o ouro, apedras preciosas, eram entregues para os europeus. Da mesma forma está acontecendo agora, estão sendo entregues nossas riquesas e o Lula é a pessoa que eles não querem, por quê? Porque teve um pouco de avanço. Não era tudo que nós queríamos enquanto nós defendemos o socialismo. Defendemos o socialismo porque defendemos uma sociedade igualitária”, disse.
Samantha Cavalca: candidata, sua proposta a gente pode chamar de várias propostas ou proposta central?
“A nossa proposta é organizar a classe trabalhadora dentro do seu sindicato, movimentos de classe, dentro de seu bairro. Não é a eleição que vai fazer uma mágica, ‘coloque um voto aqui na urna e a sua vida vai mudar’. Meus pais votaram, minhas filhas votaram, eu votei; minhas filhas estão votando. As eleições não mudam a vida de ninguém, somente a luta organizada”, disse.
A candidata explicou novamente o porquê de participar das eleições. “Eu participo das eleições para ocupar esse espaço que é permitido democraticamente de dois em dois anos, sabendo que é uma ditadura a eleição, não é igual. É como se o jogo de futebol, juiz e até aquele rapaz que pega a bola, o gandula, como se até o câmera fizesse para que jogo fosse ganho pelos mesmos que estão lá. E se eu dizer aqui que nós vamos ganhar as eleições, sem recursos, com pequeno espaço na televisão, até o povo não sabia que nós do PCO vamos ter candidatura. Vamos lutar, sim, por um espaço democrático. Mas não numa eleição organizada pela burguesia”, declarou.
Ananias Ribeiro, candidata, a senhora tem participado de forma recorrente dos pleitos, como acabou de relatar, e tem tido uma cotação com poucos votos, sempre figurando entre as últimas colocações. Ao que a senhora atribui esse desempenho? A população não compreende de fato mensagem que a senhora busca levar? Por que seu discurso não tem conseguido junto à sociedade a repercussão que a senhora espera?
“A manipulação para com a classe trabalhadora ela é grande, mas mesmo assim as pessoas esse ano parecem que se manifestam apáticas em relação à eleição. Existem várias formas de se manipular, é tanto que o golpe de estado foi preparado previamente pela imprensa. As TVs, elas manipulam a população, os meios de comunicação manipulam o pensamento dos trabalhadores”, criticou.
Questionada se ao citar a palavra 'golpe' se refere ao impeachment de Dilma, ela acrescentou: “O golpe está sendo dado. Ele foi previamente preparado pela massificação dos meios de comunicação, a eleição ela também é manipulada. Eu vejo aqui candidatos participando de programas desta emissora aqui falarem meia hora, uma hora durante todos os anos e para nós, nós temos pouco tempo para falar na televisão. Mas estamos aqui participando, não vamos arredar e vamos chamar o povo para se mobilizar e não confiar nessas palavras ilusórias nos tempos de eleições, onde abraçam criancinhas, abraçam os velhos, fazem mais promessas e promessas dizendo que a vida do povo vai melhorar”, disse.