O menino Kalebe Ribeiro Mendes, de 8 meses de idade, morreu no último domingo (05), no Hospital Infantil Lucídio Portela, em Teresina, após os pais da criança procurarem atendimento em vários hospitais da capital. A criança apresentava sinais de uma doença neurológica, com crises convulsivas e perdas de consciência constantes.
De acordo com os pais, inicialmente, o Hospital Infantil não recebeu a criança, que apesar do quadro grave, precisou passar pelo sistema de regulação do SUS. A criança deu entrada na regulação no dia 25 de fevereiro e só conseguiu a vaga no dia 1º de março.
“Infelizmente, eu fui no Hospital Infantil implorar para receberem meu filho e a resposta que eu tive foi não. Existe uma regulação que faz uma seleção de crianças que estão em situação grave e eu não sei que tipo de pessoa faz isso, porque meu filho era um caso grave”, disse o pai do menino
Segundo a mãe de Kalebe, que era o único filho do casal, um funcionário do hospital ainda esnobou do quadro clínico da criança. "Eu cheguei no Hospital Infantil, uma pessoa me recebeu e falou: “ele não está nem no oxigênio, então não é grave”. Meu filho com mais de 8 dias dormindo. O sentimento é dor, tristeza e revolta também”, disse a mãe.
De acordo com o diretor do Hospital Infantil Lucídio Portela, Dr. Vinicius Ponte, o hospital não pode interferir na regulação. Segundo o médico, no intervalo de tempo em que a criança aguardava a vaga, outras cinco foram reguladas para vagas no hospital.
"Não há negativas de vagas por parte do hospital, diariamente são repassadas as vagas para a Central de Regulação e a partir dai é feita uma triagem dos casos que vão ocupar as vagas do Hospital. No caso do Kalebe, foi dada entrada no sistema de regulação no dia 25 de fevereiro e ele foi regulado no dia primeiro. Essa demora não foi no caso especifico dele, nesse intervalo, outras quatro crianças também foram transferidas para o hospital, em fevereiro foram 57 crianças. O hospital não pode interferir na regulação”, explicou.
Ainda de acordo com o diretor, os médicos suspeitam que Kalebe tenha morrido em decorrência de uma doença metabólica, mitocrondial, que é degenerativa.
"É uma doença de diagnóstico difícil e ele é uma criança muito jovem e era um quadro muito grave, porque as crianças que são diagnosticadas com essa doença, geralmente acontece aos 2 anos de idade”, disse.
O Hospital Infantil atualmente conta 77 leitos, além de 9 leitos de UTI, que atendem a demanda do estado do Piauí inteiro.