A audiência para decidir se o ex-tenente José Ricardo da Silva Neto, acusado de matar a então namorada Iarla Lima Barbosa no mês de junho deste ano, vai ou não a Júri Popular iniciou logo pela manhã e deve terminar por volta das 17h desta quarta-feira (22), no Fórum Cível e Criminal, Já foram ouvidas 8 pessoas arroladas pelo Ministério Público e 8 pela defesa do réu.
De acordo com o promotor Ubiraci Rocha, que comanda a sessão juntamente com o juiz Antônio Nolêto, o ex-tenente irá a Júri Popular.
"Pelo que já foi colhido de depoimentos, tanto em relação as vítimas sobreviventes e quanto as duas testemunhas arroladas pelo Ministério Público, se confirma toda a acusação formulada pelo MP-PI no decorrer da denúncia. O andar dessa instrução, eu não tenho nenhum a dúvida de que no final o MP irá impugnar pela pronuncia do acusado, porque existem provas para isso. A pronuncia seria um momento processual em que o réu é remetido para julgamento no Tribunal do Júri Popular”, afirmou.
"O que me surpreende em verdade é a frieza com que o acusado matou a vítima. Ele, claro que dentro daquele clima que havia dentro do bar, ele simulou toda uma situação até chegar ao veículo e aí partir para reação e naturalmente concretizar o crime por ele idealizado. Então esse é o aspecto que mais surpreendeu o Ministério Público”, acrescentou.
Bastante abalada, já que viu o acusado pela primeira vez, a mãe de Iarla, Lucinéia da Silva, voltou a pedir justiça. “Ele [acusado] falou que ele venha a ser julgado pelo Tribunal do Júri. É isso”, disse.
Ela relembra, em detalhes, que recebeu uma mensagem da filha contando que havia ganhado flores de José Ricardo da Silva Neto no Dia dos Namorados. “Na verdade, ela falou desse dia que tinha saído para jantar com ele. Eu tenho a mensagem aqui, ela dizendo que tinha recebido flores. No momento lá ela aceitou gentileza, buquê de flores e aceitou relacionamento mais sério. Foi isso. Ela [no Dia dos Namorados] disse que tinha um rapaz pedindo ela em namoro", contou.
O pai de Iarla Lima também fez um apelo e reforçou o pedido da família para que o crime não fique impune. “Espero que ele vá a Júri Popular para que tenhamos justiça. Porque é essa justiça que nós estamos esperando, colhendo aqui. A mãe está sem palavras, a família não sabe o que dizer, está desestruturada. Nós queremos dizer que não venha mais outra Iarla no Piauí, nem no Brasil”, disse.
A audiência
O ex-tenente do Exército acusado pelo crime chegou ao local vestido como presidiário, mas sob solicitação da defesa pediu para trocar de roupa. Após a troca, sentou ao lado do advogado e permaneceu de cabeça baixa.
O juiz Antônio Nolêto e o promotor Ubiraci Rocha comandam a sessão. A irmã de Iarla, que estava dentro do carro e viu todo o crime, foi a primeira a ser ouvida.
Em depoimento, a jovem afirmou que Iarla já sentia vontade de terminar com o namorado. “Ele tinha muitos ciúmes, ficava monitorando todos os passos dela. No dia 19 ele foi buscar a gente no banheiro dizendo que estava se sentindo mal. Depois lá fora já foi perguntando se minha irmã achava que ele era criança porque viu ela dançando com todo mundo. Em seguida já foi disparando. Um dia antes do que ele fez eles dormiram juntos. Já na manhã de domingo minha irmã me disse que estava com vontade de terminar porque ele era muito ciumento”, afirmou ela.