Nesta sexta-feira (21/12), o programa Agora recebeu em seus estúdios o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-PI e ex-governador, Freitas Neto.
Amadeu Campos: O tema que eu quero abordar com o senhor é essa questão da equipe econômica do novo ministro Paulo Guedes, que pretende reduzir o investimento no ‘Sistema S’. O senhor acredita que essa ideia vai prosperar e o que ela representaria para o Sebrae?
Freitas Neto: Seria altamente comprometedor para todo o ‘Sistema S’ de maneira muito especial para os estados mais pobres. Um estado como o nosso em comparação a São Paulo perde muito mais, aqui os recursos já são mais escassos, é bom dizer que esses recursos não são do governo, é contribuição do empresariado e um corte desse tipo atingiria muito mais as federações e as entidades ligadas a essas federações, com estados com economias mais fracas onde o poder privado não tem tanta presença como São Paulo, Rio de Janeiro, mas me lembro que houve uma ameaça desse tipo lá atrás e o presidente da Firjan disse que se houvesse um corte no Rio de Janeiro ele disse quantas escolas do Sesi e do Senai seriam fechadas lá, então eu não creio que em um momento como esse que nós vivemos um desemprego alto, que é altamente importante nós qualificarmos mão de obra, nós lutarmos pelo empreendedorismo, nós irmos atrás de mexer em um sistema que está dando certo, já melhorou muito, precisa melhorar mais mas funciona de maneira eficiente diga-se de passagem, muita gente não conhece o trabalho do ‘Sistema S’.
Amadeu Campos: Na prática, aqui no Piauí por exemplo, o que essa redução impactaria?
Freitas Neto: Eu não sou da área financeira dessa entidade, eu sou da assessoria econômica da federação como um todo, então não estou por dentro do dia a dia do Sesi, do Senai que são dois S do setor indústria, mas tenho certeza que isso implicaria em fechar escolas em Parnaíba, Picos, Teresina do Sesi e do Senai, ia reduzir muito o treinamento de mão de obra de indústrias que pedem treinamento do pessoal em determinado setor, isso tudo ia ser atingido, ia provocar desemprego, porque evidentemente você não tendo a receita que tem hoje, como você vai pagar? O Brasil precisa de um ajuste fiscal sério, não adianta mais você ficar tentando jogar para o dia seguinte, o Congresso vai ter que enfrentar isso, o presidente eleito vai ter que enfrentar isso, o nosso déficit é imenso, vamos fechar o quinto ano seguido com déficit orçamentário gigantesco, nós precisamos passar a ter superávit porque isso é fundamental para fomentar a economia e consequentemente um emprego como um todo, mas não é mexendo em um setor do ‘Sistema S’ que você vai resolver esse tipo de problema, agora não sou contra que possa se alinhar melhor as políticas públicas, mas simplesmente tirar recurso em uma coisa que está dando certo para entregar para o governo, não creio que seja por ai exatamente nesse momento de crise”.