No dia 15 de maio de 2014, na Delegacia da Mulher da cidade de Caxias, no Maranhão. Francisco Alves Costa, acusado de atentar contra suas duas filhas menores de idade foi à Delegacia, com a informação de que suas filhas estariam no local. Ele estava prestes a responder por esse crime junto aos policiais.
No entanto ele não tinha sido intimado oficialmente. Acompanhado da esposa, que entrou em uma sala para conversar com a Delegada responsável, Francisco se dirigiu a outra sala para conversar com Laone Thé, escrivã de plantão. Em uma outra sala, estava a investigadora da polícia.
Na sala onde estavam Loane Thé e Francisco, a escrivã iniciou a conversa dizendo que ele estava sendo intimado para prestar depoimento a respeito de um atentado sexual contra as duas filhas. Francisco não se conteve e sacou uma arma branca (faca), golpeando Loane Thé.
A escrivã gritou e a investigadora entrou na sala onde Francisco estava e também foi apunhalada. O golpe em Loane Thé foi fatal, já a investigadora pediu socorro e sobreviveu.
“Eu saí da minha sala para falar com a delegada, ouvi o grito e entrei na sala da Loane para saber o que estava acontecendo. Quando abri a porta, ele me esfaqueou e saiu correndo. Eu pedi ajuda, mas aos poucos ela caiu no chão”, disse a investigadora que socorreu Loane na delegacia.
O delegado responsável pelo inquérito, Celso Rocha, conta como o acusado se manifesta diante do caso.
“Ele disse que quando soube que tinha sido intimado para prestar depoimento sobre estupro de suas filhas, ele teve essa reação de esfaquear a escrivã e fugir”, disse Celso Rocha.
Francisco, já preso, conta o motivo de ter chegado à delegacia armado.
“Quando cheguei lá eu já estava nervoso, levei a faca, mas na tinha intenção de matar ninguém. Tive vontade de tirar a minha própria vida”, disse o assassino.
O mandado de prisão de Francisco Alves Costa foi cumprido no dia seguinte, desde então ele foi condenado a 72 anos de prisão, por estupro das duas filhas e aguarda julgamento pela morte da escrivã.
No Fórum de Caxias o defensor do caso não quis se pronunciar, já o Promotor fala em que as acusações estão baseadas.
“ A nossa tese é de que ele tem dois homicídios, um que foi consumado e outro que não. Ele era réu primário, não acreditamos que foi um surto, mas temos que tratar esse ser humano com exclusão para que a sociedade seja protegida”, disse o Promotor.
Os pais da escrivã, que mantém objetos da filha expostos em casa lembram do exemplo de grande profissional que Loane deixou.
“Eu sou policial e acho que a polícia do Maranhão também tinha uma grande policial, ela era capaz de tudo para proteger a sociedade”, disse o pai, Flávio The.
“Minha filha era uma jovem muito estudiosa, exemplar. Sinto muita falta de tudo, da presença dela, da voz dela, do consolo. Eu hoje tenho uma idade avançada e minha filha cuidava sempre de nós dois, ela era muito dedicada, sempre preocupada com a gente. Ela passava o dia todo me ligando e poucas horas antes de sua morte ela me ligou”, disse a mãe bastante emocionada.
Paralelo a dor, a revolta incomoda exatamente pelo caso ter ocorrido dentro de uma delegacia. Um nível de audácia surpreendente e inesperada.
Por ser agente da lei, o Estado também terá que responder por não ofertar segurança mínima na execução do trabalho de Loane Thé.
Luiz Antônio Pedrosa, da OAB, classifica o caso como uma técnica amadora de atendimento.
“Essa agente ficou sozinha com um acusado, e ela deveria estar acompanhada de no mínimo dois policiais. Isso mostra o quanto é preciso reformular essa prática do sistema de operadores de segurança. Acredito que esse caso desperta atenção dos delegados para o abandono das técnicas de segurança”, disse Antônio Pedrosa.