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Wellington Dias dá resposta dura para quem diz que beneficiários do Bolsa não querem trabalhar

O ministro do Desenvolvimento Social reverberou que 98% dos empregos formais gerados no ano passado foram preenchidos por inscritos no CadÚnico.

Wellington Dias é o atual ministro do Desenvolvimento Social. Ele mostra com dados que a correlação não procede. | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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Em meio a discursos que associam o Bolsa Família à falta de interesse por trabalho, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, respondeu com firmeza e com números. Ele citou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para reforçar que os beneficiários do programa não só querem trabalhar, como estão inseridos de forma crescente no mercado formal.

"O Caged mostra, na prática, que as pessoas do Bolsa Família e do Cadastro Único querem trabalhar, estão empregadas, mas buscam empregos decentes. Peço que observem essa realidade para evitar qualquer forma de preconceito contra os mais pobres", declarou o ministro.


Trabalhadores do CadÚnico dominam vagas em 2024

De janeiro a junho de 2025, o país registrou 1,69 milhão de novos empregos com carteira assinada, dos quais 1,27 milhão (75,5%) foram preenchidos por beneficiários do Bolsa Família. Outros 395 mil postos (23,4%) ficaram com pessoas cadastradas no CadÚnico, mas que não recebem o benefício.

O avanço está diretamente ligado à Regra de Proteção, mecanismo que assegura 50% do valor do benefício por até dois anos após a formalização do emprego, mesmo com o pagamento dos adicionais para gestantes, crianças e adolescentes. Atualmente, 3,02 milhões de famílias estão sob essa proteção.


Nova fase da Regra de Proteção começa em julho

A partir da folha de pagamento de julho, a Regra de Proteção será atualizada com foco na redução da fila de espera e priorização das famílias em situação de maior vulnerabilidade. O objetivo é garantir mais equilíbrio financeiro ao programa e aumentar sua efetividade.

"Assinar a carteira não cancela o Bolsa Família. Estamos qualificando o público do programa em vários setores, e os resultados são excelentes", reforçou Wellington Dias. Para os trabalhadores de atividades sazonais, como no setor agropecuário, passou-se a considerar a média de renda dos últimos 12 meses, evitando cortes abruptos no benefício.


Desigualdade em queda e mulheres em destaque

Nos quatro primeiros meses de 2025, 75% das 920 mil vagas criadas foram ocupadas por pessoas do CadÚnico, com predomínio feminino. O ministério credita esse desempenho à integração entre qualificação profissional e programas de proteção social.

O impacto na renda das famílias também chama atenção: em 2024, a renda do trabalho dos mais pobres subiu 10,7%, um ritmo muito superior ao registrado entre os 10% mais ricos (6,7%). O crescimento geral da renda do trabalho no país foi de 7,1% no ano.


FGV: queda histórica da desigualdade social

Um levantamento da FGV Social, com base na Pnad Contínua, revelou que o Brasil viveu em 2024 uma das maiores reduções de desigualdade social dos últimos anos. Marcelo Neri, responsável pela análise, afirma que a principal força desse movimento vem do aumento na renda do trabalho.

"E tudo isso está mais forte em termos de renda do trabalho do que em relação a outros componentes de renda", destacou o pesquisador.

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