Na semana passada, o Senado aprovou a criação da Subcomissão de Desenvolvimento do Nordeste, com o objetivo de estudar e apresentar propostas para o crescimento da região. O senador Wellington Dias (PT), autor da proposta, conversou com o Jornal Meio Norte sobre os desafios e empecilho para a promoção do desenvolvimento do Piauí e do Nordeste. Segundo ele, o progresso de Estados com dificuldades financeiras e estruturais como as do Piauí, depende de uma maior integração com a própria região e um envolvimento com as políticas desenvolvimentistas propostas para o Brasil, através do Governo Federal.
Dias acredita que o trabalho que será realizado pela Subcomissão dará maior visibilidade para a região, colocando assim, o Nordeste ?em outro patamar dentro do Congresso Nacional e na relação com o Governo Federal?. Para o senador, o crescimento da região depende de um trabalho conjunto da bancada em Brasília, com o objetivo de aumentar investimentos na educação e infraestrutura. Além de parcerias com o Governo Federal e fundos indutores do crescimento nacional.
Jornal Meio Norte - Qual a importância para o Nordeste desta comissão especial criada para discutir e apontar soluções para os problemas históricos existentes na região ?
Wellington Dias - O Nordeste é uma região do Brasil com grande potencial. Para que essa potencialidade se transforme em qualidade de vida, desenvolvimento econômico e social é preciso que muitas coisas sejam feitas. Eu diria que a Subcomissão de Desenvolvimento do Nordeste soma forças e garante a coesão do trabalho da bancada na Câmara e no Senado. Ela une os nove governadores, os partidos, as lideranças, o setor empresarial e os trabalhadores. Com isso, nós saímos da idéia de que cada um cuida do seu. Pensar o desenvolvimento do Nordeste é pensar o desenvolvimento dos noves Estados da região, integrados às outras áreas do país e as principais políticas de desenvolvimento do Brasil. Nesse caso nós estamos trabalhando em quatro grandes frentes. A primeira delas é a educação, com a implantação de cursos técnicos e superiores, que atendem as necessidades e potencialidades dos Estados. Depois a infraestrutura, como a construção de portos, aeroportos, ferrovias, ou seja, um conjunto de obras que são necessárias para o crescimento. Também os investimentos dos principais indutores do desenvolvimento focados para o plano traçado como Banco do Nordeste, BNDS e Banco do Brasil. E junto com isso os recursos federais. Creio que atuando de forma conjunta, ou seja, mobilizando todas as forças possíveis colocaremos o Nordeste em outro patamar dentro do Congresso Nacional, e na relação com o Governo Federal.
Jornal Meio Norte ? Como será realizado de forma prática o trabalho dessa Subcomissão no Congresso Nacional ?
Wellington Dias - Nós vamos trabalhar na pauta, selecionando todos os projetos importantes que transitam no Congresso Nacional, do Fórum dos Governadores e nas diversas áreas de governo. A partir daí vamos traçar nove blocos de temas. A idéia é se dirigir a cada Estado e tratar de um tema. Por exemplo, nós vamos a um Estado tratar da aviação brasileira, onde estão os aeroportos internacionais, onde é necessário realizar obras nessa área. No Piauí, por exemplo, temos a questão do aeroporto de Parnaíba, o aeroporto de São Raimundo Nonato. Mas junto com isso, os aeroportos regionais. Vamos identificar os problemas e apontar alternativas como incentivos para que as companhias aéreas tenham interesses para se deslocar a essas regiões. Propor isenção de tributos e alternativas que possam resolver o problema. Vamos tratar de questões como a produção de alimentos, a mineração, o turismo, o comércio, ou seja, um conjunto de outras forças econômicas em cada Estado do Nordeste e em cada região do Piauí.
Jornal Meio Norte ? E para o Piauí, quais serão os resultados que a aprovação da Subcomissão de Desenvolvimento do Nordeste irá proporcionar?
Wellington Dias - O Piauí está liderando esse processo e esse é o lado bom. E ao fazer isso, nós colocamos o Estado em todo plano nacional. Há um plano nacional de pesquisas na área da mineração, com descobertas de ferro e outros produtos e o Piauí está dentro deste plano. Com isso, queremos cada vez mais ter recursos para essas pesquisas. Muitas vezes, se cobra uma refinaria no Piauí, mas acho que o primeiro passo é a pesquisa de gás e petróleo. Tem que ter infraestrutura como portos e ferrovias, porque quem faz esse investimento hoje das refinarias é o setor privado. Eles vão para os Estados que possuem uma estrutura mais adequada, foi assim na concorrência da refinaria do porto do Maranhão e de Recife. Tivemos a descoberta agora de um grande potencial de gás na Bacia do Parnaíba, pelo lado do Maranhão e Piauí. Estive com o presidente da Agência nacional de petróleo, Aroldo Lima e o governador Wilson Martins e nosso objetivo é que este ano as pesquisas sejam concluídas. Vamos trabalhar vendo as potencialidades de cada Estado e aquilo que é possível fazer.
Jornal Meio Norte ? O senhor afirmou que a Subcomissão fortalece o Nordeste. Essa aprovação torna-se ainda mais importante para essa região no momento em que o Governo Federal faz cortes no orçamento? Isso de certa forma evitará que a região sofra grandes perdas?
Wellington Dias ? O lado bom: todas as obras que estão em andamento vão continuar, como por exemplo, a obra de construção da ferrovia Transnordestina, estimada em aproximadamente R$ 6 bilhões de reais. Na visão de alguns, apenas pelo volume de dinheiro, esta é a maior obra de ferrovia do planeta neste momento. Ao mesmo tempo, o Piauí possui a maior parte desta obra, porque é onde está sendo construído 400 km de ferrovia nova, ligada aos principais portos do país. Mas é preciso ir além, neste plano de desenvolvimento do Nordeste nós queremos a ferrovia de Teresina ligada ao porto de Luis Correia, a cidades de Paulistana e Petrolina. Então eu quero acreditar que a bancada unificada do Piauí estará junta na defesa dos interesses do Estado, mesmo apresentando divergências políticas internas. Acho que esse é o caminha e a grande diferença está no Senado Federal. Fazia um bom tempo que nós não tínhamos os três senadores do Piauí atuando de forma conjunta na defesa de um conjunto de projetos importantes para o Estado.
Jornal Meio Norte ? O senhor falou da necessidade de união da bancada federal para resolver os problemas do Piauí e do Nordeste como um todo. Como o senhor avaliada o trabalho que vem sendo desenvolvido pela bancada piauienses em Brasília, para ajudar o Governo do Estado na luta ao combate às drogas?
Wellington Dias - A bancada tem que está unida buscando recursos no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho, no Ministério do Desenvolvimento Social, no MEC e em outras áreas, além do Ministério da Justiça. É claro que manter a política para reduzir a produção dessas drogas, reduzir o tráfico e compreender que a droga é um negócio é importante. Mas acreditamos que mais necessário ainda é realizar um trabalho com os dependentes químicos. Há um conjunto de medidas que temos que tomar para inibir e até para taxar e gerar um fundo que possa sustentar o lado do tratamento do dependente químico e ao mesmo tempo apoiar as comunidades Terapêuticas. Creio que a bancada precisa estar divulgando a experiência do Piauí, para ser uma referencia cada vez maior para o Brasil. Acredito que o papel do Piauí será fundamental neste trabalho. Nós devemos estar pactuando com o Ministério da Educação, para que o Piauí esteja dentro desse processo de formação. Além da educação, buscar recursos para equipar melhor nossas Unidades de Saúde existentes e possibilita a construção de outras em cidades pólos. Credenciar entidades como a Fazenda da Paz, um conjunto de entidades que tem uma larga experiência e que podem ajudar a salvar vidas.
8) Na sexta?feira passado o senhor participou de uma reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com representantes das comunidades terapêuticas tratando do apóio do Governo Federal ao trabalho desenvolvido por estas comunidades. Quais os resultados deste encontro?
Wellington Dias - Eu vi nesses últimos dias, quatro momentos históricos de esforços do Governo no combate as drogas. O primeiro foi esse, já que está foi a primeira vez que um ministro da Saúde no Brasil recebeu e reconheceu a necessidade de parceria com as comunidades terapêuticas do Brasil. Havia nesse encontro as quatro federações mais importantes do Brasil. Outro momento histórico foi o lançamento da presidente Dilma de um pacote para a qualificação profissional voltada para o tratamento do dependente químico. O outro foi o reconhecimento da própria presidente da importância das comunidades terapêuticas. E o último é que 100 cientistas brasileiros pactuaram e adotam uma postura compreendendo a questão das drogas como uma epidemia. Então o reconhecimento destas comunidades Terapêuticas é importante para tratar os viciados. Pela minha experiência acredito que o Piauí será referência para o Brasil neste trabalho.