
O prefeito de Marília (SP), Vinicius Camarinha (PSDB), causou repercussão ao desativar os radares de trânsito da cidade. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ele aparece cortando os fios dos equipamentos com um alicate, alegando que a instalação ocorreu sem estudos técnicos prévios. “Estamos combatendo a indústria da multa”, declarou o prefeito, reforçando que pretende reavaliar os contratos firmados na gestão anterior.
Queda de acidentes e questionamentos sobre segurança
Os dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) apontam que, desde a instalação dos radares em 2023, houve uma redução no número de acidentes em Marília. Em 2022, foram registrados 1.507 sinistros de trânsito. No ano seguinte, com os radares em operação, esse número caiu para 1.302. Em 2024, o total de ocorrências chegou a 1.116.
Apesar da queda no volume de acidentes, as mortes no trânsito não seguiram uma tendência clara de redução. Em 2022, foram 25 óbitos, número que subiu para 32 em 2023 e depois caiu para 27 em 2024. Camarinha utiliza esses dados para argumentar que os radares não tiveram impacto significativo na segurança viária. Por outro lado, especialistas alertam que a remoção dos equipamentos sem um plano alternativo pode aumentar a imprudência no trânsito.
Denúncias sobre a instalação dos radares
A polêmica envolvendo os radares de Marília não é recente. A entidade Marília Transparente (MATRA) revelou que os estudos técnicos apresentados para justificar a instalação dos equipamentos foram produzidos depois da implementação e não atendiam aos requisitos legais. Além disso, o engenheiro responsável pelo estudo também assinou documentos semelhantes para radares em Avaré (SP), onde uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investigou suspeitas de corrupção.
Durante a CPI, o engenheiro admitiu que não visitou pessoalmente todos os pontos de instalação dos radares, baseando parte da análise em imagens do Google Maps. Em Avaré, o relatório da investigação foi encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público, recomendando a suspensão do contrato.