Um vídeo inédito revela o momento em que o Ministério Público e a Polícia Civil encontram mais de R$ 300 mil em espécie na residência de José Aprigio, ex-prefeito de Taboão da Serra pelo Podemos. A apreensão ocorreu durante a "Operação Fato Oculto" e os valores não possuem origem comprovada. Segundo a defesa de Aprigio, a quantia será declarada em seu imposto de renda.
Suspeita de atentado forjado
Aprigio, que disputava a reeleição, é investigado por supostamente ter encenado um atentado contra si mesmo, ocorrido uma semana antes do segundo turno das eleições municipais do ano passado. O episódio teve grande repercussão política, mas não evitou sua derrota nas urnas.
Seis disparos atingiram o carro blindado do político. Um dos tiros gerou estilhaços que feriram seu ombro esquerdo. Três pessoas que o acompanhavam no veículo saíram ilesas, incluindo um secretário responsável por sua segurança e um videomaker. O ataque foi filmado e, em menos de 30 minutos, um vídeo editado foi divulgado à imprensa.
Dinheiro encontrado e novas investigações
A apreensão do dinheiro ocorreu durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas residências de Aprigio e de outras 15 pessoas investigadas pelo suposto envolvimento no atentado.
Delação revela detalhes do crime
Em depoimento à Justiça, um dos atiradores presos, Gilmar Santos, afirmou que ele e outros três cúmplices receberam R$ 500 mil para forjar o ataque. Ele também declarou que a arma utilizada, um fuzil AK-47, teria sido adquirida por R$ 85 mil com dinheiro fornecido pelo próprio Aprigio.
"O combinado do que ele [Aprigio] queria, era um 'susto', mas um 'susto' que desse mídia pra poder passar no Fantástico, pra poder chamar atenção do eleitor. Tipo, como ele sofreu um atentado", relatou Gilmar em vídeo obtido pelo g1 e Fantástico. "O prefeito sabia."
Envolvimento de secretários e outras prisões
Três secretários municipais também estão sob investigação: José Vanderlei Santos (Transportes), Ricardo Rezende Garcia (Obras) e Valdemar Aprígio da Silva (Manutenção e irmão do ex-prefeito). Além deles, o sobrinho do político, Cristian Lima Silva, também é suspeito de participação no crime.
Caso se confirme o envolvimento de todos, eles poderão ser processados por crimes como associação criminosa, tentativa de homicídio, incêndio e adulteração de veículo, com penas que podem somar até 30 anos de prisão.
Gilmar, Odair Júnior de Santana e Jefferson Ferreira de Souza são réus no processo. Odair e Jefferson tiveram a prisão temporária decretada e são procurados. Já Gilmar, que colaborou com a Justiça, poderá ter sua pena reduzida caso seja condenado. Outros investigados, como Anderson da Silva Moura e Clóvis Reis de Oliveira, ainda não foram formalmente denunciados.
Posicionamento dos envolvidos
Aprigio não foi localizado para comentar as acusações. Seu advogado, Allan Hassan, afirmou: "Não é crível você pensar que uma pessoa de 73 anos estaria sujeita a receber um tiro de fuzil achando que talvez pudéssemos modificar um certame eleitoral. Eu tenho convicção de que ao final será demonstrado não só para ele, mas para os seus familiares e toda a sociedade que ele é a vítima nessa história."
A defesa de Odair declarou que ele continua gozando da presunção de inocência. Já os advogados de Ricardo alegam que ele foi envolvido por engano e está à disposição da Justiça para esclarecimentos.
Os defensores de Anderson negam qualquer envolvimento e afirmam que a acusação baseia-se apenas em delação premiada, sem provas concretas. A reportagem segue tentando contato com os demais citados no caso.