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Vereador tem o mandato cassado após invadir sala vermelha de hospital; paciente morreu!

De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, Canuto ignorou os avisos da equipe de que havia uma emergência em curso e acessou áreas restritas da unidade.

Câmara decide cassação de vereador que invadiu Sala Vermelha em Felício dos Santos | Foto: Reprodução
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Na noite de quinta-feira (17), a Câmara Municipal de Felício dos Santos (MG) decidiu, por unanimidade, cassar o mandato do vereador Wladimir Antônio Canuto (Avante). O parlamentar foi acusado de invadir a sala vermelha de uma unidade de saúde durante o atendimento de um paciente em estado grave, fato que motivou a abertura de uma Comissão Processante por quebra de decoro.


DECISÃO UNÂnIME

Segundo informações da Casa Legislativa, todos os oito parlamentares presentes aprovaram o relatório final da Comissão Processante, que apontava infrações ao artigo 7º, inciso III, do Decreto-Lei 201/1967, em conjunto com dispositivos da Lei Orgânica do Município e do Regimento Interno da Câmara.

A leitura do resultado foi feita pelo presidente da Casa, Arthur Gabriel Nascimento Rocha (PRD), que confirmou a perda de mandato de Canuto. A decisão será encaminhada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para os trâmites legais.


POSICIONAMENTO DO VEREADOR

Em entrevista à Inter TV, o vereador reagiu à decisão afirmando que ela já era previsível e alegou perseguição política:

“Esse resultado já era esperado [...] Essa votação já era esperada porque querem me calar a qualquer custo. Não é a primeira vez que tentam cassar meu mandato, não. Já estou em meu quarto mandato e em outros mandatos anteriores já passei por tudo isso e sempre voltei com ordem judicial. Em momento oportuno, a minha assessoria jurídica vai entrar com mandado de segurança na Justiça e vamos aguardar a decisão judicial”.


ENTENDA O CASO

O episódio que resultou na cassação ocorreu no dia 3 de fevereiro deste ano, quando o vereador entrou sem autorização na sala vermelha de um centro de saúde, onde era atendido um paciente de 93 anos em condição crítica. O paciente faleceu momentos depois da confusão.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, Canuto ignorou os avisos da equipe de que havia uma emergência em curso e acessou áreas restritas da unidade, inclusive um consultório médico e a sala de atendimento intensivo.


RELATO DOS PROFISSIONAIS

A médica responsável pelo atendimento relatou que o paciente estava em “arritmia cardíaca grave” e que necessitava de atenção contínua durante uma cardioversão química. No entanto, foi interrompida pelo vereador, o que teria comprometido a estabilidade da equipe e a eficácia do monitoramento.

Segundo ela, “o vereador agiu com extrema arrogância e desleixo quanto ao risco do paciente, o que desestabilizou a equipe e impediu que o monitoramento fosse contínuo, e, embora tenha retornado pouco tempo depois as atenções ao monitoramento do paciente, este veio a óbito logo em seguida”.

A causa da morte, conforme declaração oficial de óbito, foi "bloqueio átrio ventricular total".

O LADO DO PARLAMENTAR

Na época do ocorrido, Canuto se pronunciou por meio das redes sociais. Disse que foi acionado por moradores que reclamavam da demora no atendimento e que teria apenas inspecionado a unidade.

Quando cheguei lá tinha pessoas aguardando atendimento desde às 14h e já eram 16h30. Eu sou fiscal do município. Abri a porta e vi o médico sentado na cadeira e mexendo no celular. Perguntei se a emergência era online. Nisso virei as costas e fui ver o outro médico em outra sala. Eu simplesmente abri a porta, eu não entrei, vi que tinha muita gente e perguntei: ‘tem médico aqui nessa sala?’ A médica falou ‘eu sou a médica’, então fechei a porta e saí.

O vereador também acusou a enfermeira de ter mentido sobre o atendimento simultâneo pelos dois médicos de plantão:

A enfermeira mentiu, falou que os dois médicos estavam atendendo a uma urgência, e quando eu chego lá, um médico sentado na sala sozinho, com a porta fechada mexendo no celular. Aí eu falei com ela: ‘você mentiu. Os dois não estão atendendo urgência. A médica está atendendo urgência e o outro tinha que estar atendendo a fila. E ela não gostou.

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