SEÇÕES

Vereador pede a cassação de vice-prefeito que está em Israel e ultrapassou prazo legal fora do país

A expectativa é que a leitura oficial do pedido de cassação ocorra na primeira sessão ordinária após o recesso, marcada para 1º de julho

Vice-prefeito de Uberlândia preferiu permanecer em Israel. | Foto: Reprodução
Siga-nos no

O vereador Dr. Igino (PT) protocolou na Câmara Municipal de Uberlândia um pedido de cassação contra o vice-prefeito Vanderlei Pelizer (PL). A principal acusação é de que Pelizer estaria em viagem internacional sem autorização legislativa, o que contrariaria a Lei Orgânica do Município.

Ausência prolongada sem aval da Câmara

Segundo o parlamentar, o vice-prefeito deixou a cidade no último dia 8 de junho para uma missão em Israel. O problema, sustenta Igino, é que Pelizer não pediu permissão à Câmara para se ausentar por mais de 15 dias, como exige o artigo 44 da Lei Orgânica. O texto estabelece que esse limite só pode ser ultrapassado com autorização formal ou em casos de licença ou férias.

Apesar do prazo ainda não ter vencido, o vereador acredita que a permanência do político fora do país já configura abandono de função. “Eu não acho um problema não ter 15 dias ainda, porque quando ele recusa voltar tendo condições para isso, e ele mesmo diz que não tem nenhum problema de segurança, ele escolheu ficar sem autorização da Câmara. Ele não consegue voltar em melhores condições nos próximos cinco dias que faltam. Ele não tem autorização e quis ficar para fazer militância política de extrema direita”, afirmou Igino.

Prefeito ausente e vice sem retorno

Enquanto Pelizer permanece em Israel, o prefeito Paulo Sérgio (PP) também está fora do país, participando de compromissos oficiais no Japão, incluindo a Expo Osaka 2025. A prefeitura, no entanto, alegou que o chefe do Executivo continua com plenos poderes, mesmo fora do território nacional, já que os processos administrativos da cidade são digitais.

Dr. Igino, no entanto, contesta esse argumento: “Não acho que o despacho eletrônico é a mesma coisa de um despacho presencial. O vice-prefeito é justamente para estar na cidade, para ocupar o espaço físico quando o prefeito está viajando. Eu acho que ele desrespeitou os eleitores e desrespeitou a cidade em não voltar quando teve oportunidade”.

Conflito de interesses e críticas à motivação ideológica

O vereador também levantou suspeitas sobre a natureza da viagem de Pelizer, que teria sido custeada com apoio da embaixada de Israel. No documento apresentado à Câmara, Igino menciona que a aceitação de vantagens, mesmo sob a justificativa de “ressarcimento de despesas”, pode colocar em risco a imparcialidade do agente público. Ele alerta ainda para um potencial conflito de interesses, o que pode caracterizar improbidade administrativa.

Além das questões legais, Igino aponta motivações políticas para a permanência de Pelizer em solo israelense. “Avalio que o Pelizer não voltou porque ele está fazendo uma militância de extrema direita. Ele está fazendo lives com o (deputado estadual do PL) Caporezzo, ele está informando como estão as coisas em Tel Aviv do ponto de vista do povo de Israel. Então, ele está fazendo uma militância de extrema direita”, declarou.

Tramitação do pedido

A expectativa é que a leitura oficial do pedido de cassação ocorra na primeira sessão ordinária após o recesso, marcada para 1º de julho. A abertura do processo, no entanto, dependerá de votação em plenário. Será necessário apoio da maioria dos vereadores para que o pedido avance e seja analisado pela Comissão Processante.

Enquanto isso, Pelizer segue entre os seis prefeitos e vices brasileiros que decidiram permanecer em Israel mesmo diante da escalada do conflito com o Irã. Parte da comitiva optou por retornar ao Brasil via evacuação pela Jordânia, mas o vice de Uberlândia preferiu não seguir o mesmo caminho, alegando falta de garantias de segurança.

Tópicos
Carregue mais
Veja Também