Com trânsito engarrafado, corredores e salões lotados, bate-bocas e algumas falhas técnicas, a Câmara deu posse na manhã desta terça-feira aos 513 deputados que cumprirão o mandato 2011-2015.
Os novos congressistas chegaram cedo à Câmara, com familiares e assessores, o que deixou bastante complicado o trânsito na região da Praça dos Três Poderes. Um dos primeiros a aparecer foi Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), 45, o palhaço Tiririca, o mais votado em todo o país.
Na entrada, disse que tem muito o que aprender e recebeu conselhos da colega Benedita da Silva (PT-RJ), para quem ele deve "andar na coletividade". Tiririca foi o deputado mais assediado durante a posse e teve o nome muito aplaudido quando lido no plenário.
Seguranças que controlavam os acessos à Casa e ao plenários barraram diversas autoridades, sendo alguns deputados, como Rebecca Garcia (PP-AM), e tiveram que ouvir muita reclamação de familiares que foram impedidos de subir às galerias do plenário, que lotaram rapidamente. Apesar disso, várias mulheres de deputados conseguiram entrar no plenário, reservado apenas a parlamentares.
O ex-atacante da seleção Romário (PSB-RJ) ficou praticamente o tempo todo no fundo do plenário, de vez em quando atendendo a pedidos de fotografias. Ele chegou a se incomodar com o assédio, dizendo que queria ouvir o que estava sendo dito --a leitura do nome dos deputados eleitos. Mas respondeu a algumas abordagens: "Com certeza é um golaço, um gol diferente", disse, sobre sua eleição.
Um dos que o assediaram foi o ex-participante do programa "Big Brother Brasil" Jean Wyllys (PSOL-RJ), também eleito. Ele pediu para tirar foto com o ex-jogador.
Outro que circulava pelo Salão Verde, na entrada do plenário, era o filho do ex-ministro José Dirceu, Zeca Dirceu (PT-PR). Ele foi abordado pela apresentadora Sabrina Sato, da "Rede TV", que não o reconheceu: "Ah, Zeca Dirceu, igual a Zé Dirceu. Que bom, agora você vai ficar perto do Tiririca, do Romário. Não, espera, o Romário é no Senado", confundiu-se a apresentadora.
Acusado de ser um dos que levaram o esquema dos sanguessugas para o Congresso, Nilton Capixaba (PTB-RO), disse, em sua volta, que não foi julgado e que isso deixa no ar sempre a suspeita. "E a gente fica sofrendo com isso".
Os 513 eleitos tiveram o nome lido no plenário, um a um. O juramento foi coletivo. No final, o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), pediu para todos olharem para o painel do plenário, para conferirem os nomes. Só que o sistema, que foi renovado, não funcionou. Os nomes só apareceram depois de alguns minutos..
"Vamos juntar forças para o trabalho de contribuir para um Brasil justo e forte", discursou Maia aos deputados.
Estiveram presentes na posse também vários ministros do governo Dilma, que vão se licenciar logo após. Entre eles, Pedro Novais (Turismo) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais). Também foi à solenidade o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP).
A eleição para a Mesa da Câmara está marcada para as 18h. O favorito é Maia, candidato à reeleição. Concorre com ele Sandro Mabel (PR-GO), que se lançou de forma isolada, sem apoio nem em sua legenda.