O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (3) que o governo brasileiro adotará "todas as medidas cabíveis" para proteger empresas e trabalhadores após a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de 10% sobre produtos importados do Brasil. Em discurso durante evento de balanço de seu governo, o petista destacou a Lei da Reciprocidade Comercial, aprovada pelo Congresso nesta semana, e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) como instrumentos de defesa.
Não toleramos ameaças à democracia, nem abrimos mão de nossa soberania. Responderemos a qualquer protecionismo.
Declarou Lula, reforçando o compromisso com o multilateralismo e o livre comércio. A nova lei permite ao Brasil suspender concessões comerciais e investimentos de países que impuserem barreiras injustas, com foco especial no agronegócio, setor mais exposto às tarifas americanas.
Apesar da firmeza na retórica, o governo ainda avalia se recorrerá à OMC ou priorizará negociações diretas com Washington. A taxação anunciada por Donald Trump afeta diversos parceiros comerciais dos EUA, com alíquotas que chegam a 54% para a China e 20% para a União Europeia, mas deixa de fora Canadá e México.
Lula ressaltou que o Brasil buscará tratamento igualitário: "Respeitamos todos os países, mas exigimos reciprocidade". A medida americana, que eleva a tarifa média sobre produtos brasileiros, preocupa exportadores, embora o impacto real dependa da capacidade de o país diversificar mercados – estratégia que inclui acelerar o acordo Mercosul-UE e ampliar parcerias com Ásia, como destacou recentemente o economista Adalmir Marquetti.
O posicionamento do governo alia defesa comercial a um discurso de autonomia geopolítica, evitando confronto direto, mas sinalizando que o Brasil não aceitará medidas unilaterais sem resposta. A implementação das retaliações caberá agora ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e ao Itamaraty, que já analisam setores prioritários para eventuais contramedidas.