Temporada dos blocos e desfiles esconde desvios de dinheiro público

O carnaval costuma ser uma oportunidade de vitrine eleitoral, mas também há quem aproveite a festa para desviar recursos do erário.

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Vitrine para quem disputará as eleições, o carnaval traz todos os anos um desfile de irregularidades. Tem o bloco das licitações fraudulentas na contratação de shows, o do desvio de verba pública para promoção de festas e até o da campanha antecipada de potenciais candidatos. Nos últimos cinco anos, a folia com o dinheiro do contribuinte motivou o Ministério Público Federal a abrir pelo menos 198 investigações contra prefeituras, governos estaduais e/ou agentes políticos, de acordo com levantamento do Correio. No ano passado, 12 procedimentos investigatórios foram instaurados.

Em meio ao carnaval de 2014, a folia das últimas eleições, em 2012, ainda rende investigações, denúncias criminais e condenações. No mês passado, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais confirmou sentença contra o ex-prefeito de Itaúna (MG) Eugênio Pinto e sua então mulher, Iris Leila Rodrigues ? à época chefe de gabinete da prefeitura. De acordo com o Ministério Público Eleitoral do estado, ela era candidata a vereadora no município e os dois, condenados por abuso de poder político e econômico, usaram dinheiro público para promovê-la em festas da cidade, inclusive no carnaval de 2012.

?Esses eventos tinham forte apelo feminino e nítido caráter eleitoreiro, especialmente pelas cores e pelos dizeres utilizados, os quais, inclusive, coincidiam com aqueles utilizados pela candidata em sua campanha, sinalizando evidente uso da máquina eleitoral. Até os convites para os eventos eram feitos em nome da chefe de gabinete?, explica o promotor de Justiça de Itaúna Fábio Galindo Silvestre. Os dois também respondem na Justiça comum pelas acusações. A defesa não foi encontrada pela reportagem.

Em São Mateus do Maranhão (MA), o MPF apura a consistência de denúncias de vereadores contra o prefeito Hamilton Nogueira Aragão, conhecido como Miltinho Aragão (PSB), para decidir se abre inquérito. Segundo adversários, ele contratou empresas para o carnaval de 2013 com preços superfaturados. No início da tarde de sexta-feira, a atendente da prefeitura informou que o expediente dos funcionários havia acabado.

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