O vice-presidente Michel Temer emitiu nota oficial na tarde desta quinta-feira (4) em que declarou que o governo mantém a intenção de que o plebiscito sobre a reforma política valha já para as eleições de 2014, ao contrário do que ele havia declarado mais cedo.
"Embora reconheça as dificuldades impostas pelo calendário, reafirmo que o governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014", disse, em nota oficial.
Segundo o vice-presidente, sua declaração anterior relatou apenas "a opinião de alguns líderes da base governista na Câmara, em função dos prazos indicados pelo TSE para a consulta popular", e não sua opinião pessoal.
Hoje pela manhã, Temer disse que não há condições de fazer o plebiscito, sugerido pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso no final de junho, antes de outubro deste ano. "Não há mais condições de fazer qualquer consulta antes de outubro. Não havendo condições temporais para fazer essa consulta, qualquer reforma que venha se aplicará para as próximas eleições e não para esta [2014]", disse.
Pela lei, para que as novas regras entrem em vigor em 2014, elas precisam ser aprovadas antes de 5 de outubro deste ano, um ano antes das eleições.
Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou que tenha havido recuo do governo. "O governo não pode bater o martelo porque o martelo não é do governo, é do Congresso", declarou.
Cardozo disse que o governo não mudou de opinião e que quer o plebiscito "valendo o quanto antes".
Esta é a segunda vez que o governo recua em uma decisão sobre a reforma política. No final de junho, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o governo federal desistiu da proposta de instituir uma assembleia constituinte exclusiva para tratar da reforma política. A proposta havia sido anunciada no dia anterior.
A sugestão da presidente Dilma de se fazer um plebiscito foi uma resposta à onda de protestos que tomou o país recentemente. Na última segunda-feira, ela chegou a dizer que seria "oportuno" que as eventuais mudanças valessem para as eleições de 2014, mas ressaltou que esse prazo não dependia do governo.