O presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), negou neste sábado (23) que o partido esteja pressionando o governo para obter a diretoria de Exploração e Produção da Petrobras, conhecida também como "diretoria de pré-sal", ocupada por Guilherme Estrella, indicado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ao participar do Congresso Estadual do PMDB, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, Temer rejeitou a tese de que o partido aguarda uma decisão a respeito da diretoria da estatal para indicar os nomes dos senadores que vão integrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, criada para investigar supostas irregularidades na estatal.
"É inteiramente falso. A CPI não tem absolutamente nada a ver com pleito nenhum do PMDB. O partido não está postulando e não quer nenhuma vaga, pois já está compensado no governo."
Temer citou que o PMDB já ocupa seis ministérios e possui cargos importantes na administração direta e indireta. "Não há absolutamente pleito nenhum", reiterou.
O deputado, ao falar sobre a CPI, declarou que o PMDB deve ocupar a presidência ou a relatoria da comissão por ter a maior bancada no Senado. "A orientação é fazer uma coisa muito séria, não algo de natureza meramente política. Como maior partido, o PMDB terá a presidência ou a relatoria. Não porque queira, mas porque o regimento do Senado determina", explicou.
Temer disse não ter certeza sobre qual será o nome do partido para o cargo de presidente ou relator. "Ouço dizer que será o Romero Jucá", disse, referindo-se ao líder do governo no Senado.
Já o presidente estadual do PMDB, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, disse que uma negociação nos termos que vem sendo noticiada, de troca de apoio numa CPI pela Diretoria de Exploração e Produção da Petrobras, "não está na cartilha do partido". "Eu acho que, se isso for verdade, é ruim para o partido. O PMDB precisa mudar", disse o ex-governador.
2010
Temer, que fará uma palestra sobre reforma política no congresso estadual do partido, destacou que a posição do PMDB nas eleições presidenciais de 2010 será definida apenas em convenção nacional. Foi uma resposta indireta a Quércia, que é contra uma aliança com o PT. Quércia defende que a legenda apoie o atual governador paulista José Serra (PSDB) para a Presidência da República em 2010.
"Nós aqui em São Paulo temos uma definição. Temos restrições imensas ao governo do PT nacional e gostaríamos imensamente que tivéssemos candidatura própria. Como isso é muito difícil, e não queremos apoiar a continuidade do PT no governo, queremos mudanças e entendemos que essa mudança vem a ser a candidatura de Serra pelo PSDB", defendeu.
Quércia ressaltou que essa é uma tendência do partido nos Estados. "Dentro do PMDB, a situação é muito diferente daquilo que se fala, Temos os deputados e senadores, que são muito importantes, é claro, mas não são só eles que manobram o PMDB", afirmou.
Temer disse que pretende ouvir o partido. "Sou presidente do PMDB há muito tempo e sempre decidimos em convenção nacional. É a convenção que decide o rumo que tomamos."