'Sumiço' de jet ski cria versões contraditórias no núcleo bolsonarista

A PF suspeita que o jet ski desaparecido tenha sido utilizado para transportar e ocultar possíveis provas ou materiais suspeitos

Família Bolsonaro durante transmissão de live | Reprodução
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Uma operação da Polícia Federal (PF) em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, teve um desdobramento inusitado envolvendo a família Bolsonaro. Informações coletadas indicam que uma das três embarcações utilizadas pela família para supostas atividades de pesca não retornou do mar enquanto os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na manhã de segunda-feira (29/1).

A PF está investigando a possibilidade de que o jet ski desaparecido tenha sido utilizado para transportar e ocultar, em propriedades de conhecidos na região, possíveis provas ou materiais suspeitos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos.

Segundo fontes, a PF apurou que membros do clã, incluindo Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), juntamente com amigos e assessores, partiram de sua residência em Mambucaba em um barco e dois jet skis às 6h40, após tomarem conhecimento da operação policial. No entanto, apenas um dos jet skis retornou à residência durante a presença dos investigadores.

Justificativa de Flávio Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro, que não retornou com o ex-presidente, justificou o atraso alegando ter usado um jet ski que não era seu e que precisou devolvê-lo antes de retornar à casa da família. Há suspeitas dentro da PF de que essa saída de jet ski tenha sido uma estratégia para ganhar tempo e que o sumiço temporário do senador possa ter sido utilizado para transportar e esconder possíveis provas ou materiais incriminatórios.

Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (31/1), Flávio Bolsonaro criticou a divulgação das suspeitas da PF, mas confirmou as informações publicadas. No entanto, o senador não explicou onde foi o almoço mencionado e desde então tem evitado contato com a imprensa.

A embarcação em questão pertence ao empresário do ramo da construção civil Renato Araújo, pré-candidato à prefeitura de Angra dos Reis apoiado pelo clã Bolsonaro. Renato, que tem casa no condomínio Frade Prime, um dos mais luxuosos da região, afirmou a pessoas próximas que Flávio Bolsonaro não teria devolvido o jet ski no dia da operação.

Choque de versões

Outra informação contraditória surgiu através do advogado Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Bolsonaro. Ele afirmou em redes sociais que o jet ski usado por Flávio retornou "posteriormente" para a casa em Mambucaba, sugerindo que não houve a devolução da embarcação, ao contrário do declarado pelo senador.

Essa controvérsia nos relatos dos Bolsonaros levanta questionamentos sobre a cronologia dos eventos no dia da operação, com a PF investigando se houve uma estratégia para evitar obstrução à investigação. Apesar de Carlos Bolsonaro ser o alvo oficial do mandado de busca e apreensão, todos os membros do clã Bolsonaro são investigados, direta ou indiretamente, no âmbito da Operação First Mile, que busca desmantelar a suposta "Abin Paralela", uma rede de monitoramento ilegal de pessoas e inimigos utilizando ferramentas do Estado.

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