O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi demitido do governo na sexta-feira (06), em meio a acusações de assédio sexual. Ele se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde de hoje, após surgirem denúncias envolvendo a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, na noite anterior. Ele é o quinto ministro a deixar o governo de Lula neste mandato.
ACUSAÇÕES
A organização Me Too Brasil, que apoia vítimas de assédio e abuso sexual, informou na quinta-feira que Silvio Almeida foi acusado de assédio. O portal Metrópoles foi o primeiro a divulgar essas denúncias. Anielle Franco supostamente teria sido uma das vítimas e relatado o caso a membros do governo.
Silvio Almeida nega as acusações e afirmou repudiar "com absoluta veemência as mentiras que estão sendo espalhadas contra mim". Em sua declaração, ele mencionou que repudia as alegações com a força do amor e respeito que sente por sua esposa e filha de 1 ano, ressaltando sua luta diária pelos direitos humanos e cidadania no país.
LULA SE MANIFESTOU
Mais cedo, em uma entrevista à rádio Difusora em Goiânia, o presidente Lula disse que ouviria todas as partes envolvidas e garantiria o direito de defesa ao ministro, mas expressou dúvidas sobre a possibilidade de Almeida continuar no governo.
— Não posso permitir que haja assédio. Precisamos apurar isso de forma adequada. O governo não pode manter alguém acusado de assédio, pois isso contradiz nosso discurso de defesa dos direitos das mulheres e dos direitos humanos — afirmou o presidente.
MUDANÇAS
Esse episódio marca a sexta mudança ministerial no governo de Lula. A mais recente foi a saída de Flávio Dino, ex-ministro da Justiça, que assumiu uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro deste ano. Seu lugar foi ocupado por Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF.
O general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi o primeiro a ser afastado, em 19 de abril de 2023, após vídeos de segurança do Palácio do Planalto mostrarem sua presença durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
No segundo semestre de 2023, o presidente fez novos ajustes na equipe para atender às demandas do centrão e conquistar apoio no Congresso Nacional. Em julho, Daniela Carneiro, então ministra do Turismo, saiu após perder o suporte da bancada do União Brasil, levando à nomeação do deputado Celso Sabino (União-PA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira.
Em setembro, Ana Moser, ministra do Esporte, também foi demitida para abrir espaço para o deputado federal André Fufuca, indicado pelo PP. Essas mudanças visavam ampliar a base de apoio do presidente no Congresso e também resultaram na reestruturação do Ministério dos Portos e Aeroportos, com Márcio França sendo transferido para o Ministério da Pequena e Média Empresa, e a nomeação do deputado Silvio Costa Filho (PE) para o cargo anteriormente ocupado por França.