Para desespero do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o governador de São Paulo, José Serra, reafirmou ao partido a disposição de só se manifestar, oficialmente, sobre sucessão presidencial em março. Em consonância com o governador de Minas, Aécio Neves, Serra alega que não há o que justifique a antecipação de candidatura para este ano.
Com a expectativa de viabilizar sua candidatura até lá, Aécio endossa e já admite fevereiro como o mês para decisão: "No amanhecer de 2010, estaremos com essa decisão amadurecida entre nós. Trinta dias não fazem diferença", afirma Aécio, acrescentando: "Falo em janeiro. Serra, em março. Acaba ficando para fevereiro".
No sábado, durante seminário do partido em Goiânia, Guerra cobrou uma definição de Aécio: "Você precisa decidir o que vai fazer", disse.
Mas tanto Serra como Aécio se valem do desempenho da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) nas pesquisas para legitimar suas estratégias. Sob pressão para que se antecipe em reação às viagens de Dilma, Serra minimizou, em discurso ao partido, o potencial de transferência de votos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dizendo que o "Brasil não se transformou em capitania hereditária", explicou-se: "Lula tem o direito de apoiar um candidato. Mas não pode nomear [seu sucessor]".
Aécio fez também lançou dúvidas sobre esse poder de transferência: "Eles [do PT] estão com problemas e o presidente não pode abrir mão da candidatura do Ciro".
Serra espera que Aécio seja seu vice. Aécio torce para que as adversidades intimidem Serra. Entre elas, estão as manifestações do presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), em favor de Aécio, após ser excluído de um jantar em São Paulo.
Defendendo a escolha até dezembro, Guerra espera que a rebelião no DEM estimule um movimento de Serra. Aliado de Serra, Jutahy Magalhães (BA), descarta: "O fato de Ciro dizer que é não o faz candidato. Já a Dilma diz que não é e todo mundo acha que é candidata. O fato de Serra não anunciar a candidatura não convence Lula de que ele não será", afirma.