Sérgio Massa, o candidato da coligação governista, surpreendeu ao vencer o primeiro turno nas eleições argentinas realizadas no domingo, 22 de outubro. Ele derrotou Javier Milei, o candidato de ultradireita que havia liderado nas votações primárias realizadas em agosto.
Até o momento, a apuração dos votos na Argentina atingiu 90%. Os dois candidatos mais votados no primeiro turno foram:
Sérgio Massa, com 8,75 milhões de votos, representando 36,29% do total.
Javier Milei, com 7,28 milhões de votos, representando 30,19% do total.
O segundo turno está agendado para o dia 19 de novembro.
Milei era considerado o favorito para vencer o primeiro turno, já que ele havia conquistado a liderança nas primárias, um estágio onde as coligações políticas selecionam seus candidatos. A coligação de Massa havia ficado em terceiro lugar nas primárias.
Além dos dois candidatos finalistas, houve outros três concorrentes na eleição:
Patricia Bullrich, candidata da direita tradicional, que obteve 23,82% dos votos.
Juan Schiaretti, um peronista do estado de Córdoba, que conquistou 7% dos votos.
Myram Bregman, candidata trotskista de esquerda, que recebeu 2,66% dos votos.
Mesmo com a grande expectativa e o caráter histórico da disputa, a participação foi a mais baixa em 40 anos. Apenas 74% dos eleitores compareceram às urnas, contra 80% no primeiro turno de 2019. O número, porém, foi mais alto do que nas primárias de agosto, quando o índice ficou em 70%.
A votação se deu de forma tranquila e com menos tensão do que nas eleições primárias. Naquela ocasião, uma regra que impôs o voto eletrônico para candidatos ao governo da cidade de Buenos Aires causou longas filas e brigas em diversos locais.
A Argentina atravessa sua terceira grande crise econômica recente, com um déficit fiscal insistente, alta dívida externa e falta de reservas da moeda americana nos cofres públicos, o que faz a roda da inflação girar e engrossa as filas da pobreza. Quatro em cada dez não conseguem pagar as despesas básicas, sendo que um desses é considerado indigente e sequer pode bancar a alimentação.
Até agora, avaliam analistas, um eventual caos social tem sido contido por uma taxa de desemprego baixa, por um consumo e atividade econômica que não vão mal —apesar de começarem a dar sinais de esgotamento— e pela ligação histórica do governo atual com a maioria dos sindicatos e movimentos sociais. Há temor, porém, de que a situação saia do controle de alguma forma a partir daqui.
Para o Brasil, que tem o vizinho como terceiro maior parceiro comercial, está em jogo uma relação de proximidade com Lula, embora seja improvável que Milei corte totalmente o vínculo com seu principal importador e exportador. A equipe do ultraliberal defende rever o Mercosul e se opõe à entrada no Brics, mas diz que o setor privado pode "comercializar com quem quiser".