O senador Beto Faro (PT-PA) surge como nome forte para assumir o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em meio a crescentes críticas à gestão do atual ministro, Paulo Teixeira. A possibilidade ganhou força após um encontro marcado e depois adiado entre Faro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que preferiu adiar a conversa para depois de sua viagem ao Japão no final de março. Agora, há expectativa de que a reunião ocorra ainda na próxima semana, alimentando especulações sobre uma possível troca no comando da pasta.
A insatisfação com Paulo Teixeira vem de diferentes frentes. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) tem cobrado há meses avanços na reforma agrária e maior agilidade nos assentamentos de famílias, prometendo intensificar pressão durante o Abril Vermelho, mês histórico de mobilizações do movimento. Além disso, dentro do próprio governo, há reclamações sobre a resposta do ministro à crise dos preços dos alimentos, considerada insuficiente diante da escalada inflacionária no setor.
No ano passado, o próprio Beto Faro demonstrou proatividade ao convocar representantes do MDA, Conab e Ministério da Fazenda para discutir um plano emergencial de redução dos custos dos alimentos, mostrando disposição para atuar na área. Em dezembro, Teixeira tentou responder às críticas com um pacote de medidas, incluindo novos assentamentos e liberação de recursos para produção agrícola, mas as ações não foram suficientes para conter o descontentamento.
A eventual troca no MDA ocorreria em um momento delicado, com o governo buscando equilibrar as demandas dos movimentos sociais e a pressão por resultados econômicos no campo. Se confirmada, a mudança sinalizaria uma tentativa de Lula de reforçar a interlocução com as bases e acelerar políticas agrárias, um dos pilares de sua plataforma política. Enquanto isso, o destino de Paulo Teixeira – e a possível ascensão de Beto Faro – segue em aberto, dependendo dos próximos passos do Palácio do Planalto.