O ex-secretário adjunto de Segurança de Arujá, Uelton de Souza Almeida, suspeito de matar o Guarda Civil Municipal (GCM) Nelson Caetano de Lima Neto, se apresentou à Polícia Civil na noite desta sexta-feira (26), na delegacia do município. Contra ele, já havia um pedido de prisão temporária expedido pela Justiça.
DEPOIMENTO E DEFESA
Segundo o advogado do investigado, Uelton foi interrogado e alegou ter agido em legítima defesa. A versão foi apresentada por meio de nota divulgada pela defesa (leia íntegra abaixo).
O CRIME
Uelton é apontado como autor de 12 disparos contra o GCM de Mogi das Cruzes. O homicídio ocorreu na noite de 24 de dezembro, em Arujá, na residência onde morava a atual namorada de Nelson, que é ex-esposa do suspeito.
Embora estivessem separados há cinco anos, a mulher e Uelton ainda residiam no mesmo imóvel, ocupando espaços distintos: ele no andar superior e ela na parte inferior.
NOITE DE NATAL
Na véspera do Natal, a namorada de Nelson o convidou para um churrasco em sua casa. Ao chegar ao local, o guarda foi alvejado e morto. A família sustenta que o suspeito ainda estava na residência no momento da chegada da vítima.
LUTO E COMOÇÃO
A morte do GCM gerou forte comoção entre familiares. A mãe da vítima, Shirlei Milani de Lima, fez um desabafo emocionado:
“Não vai ter mais Natal na minha vida”.
Ao lado do marido, Nelson Caetano de Lima, pai da vítima, ela pediu justiça pelo assassinato do filho, que tinha 37 anos.
ALERTA DO PAI
O pai do guarda revelou que tinha receio em relação ao relacionamento do filho com a ex-esposa do suspeito.
“Eu cheguei nele e falei ‘Nelson, toma cuidado com essas coisas, porque ele tem filho ali e tudo’. Ele falou ‘não, pai, eu já conversei com ele [Uelton], ele está de acordo’”, contou.
DINÂMICA DO ASSASSINATO
De acordo com a família, Nelson avisou por mensagens que estava a caminho do churrasco e que levaria carne. A namorada teria pedido que ele aguardasse, informando que Uelton ainda estava na casa. Minutos depois, disse que ele já poderia ir, pois o ex-marido teria saído.
No entanto, ao chegar, Nelson encontrou o suspeito no local e foi morto a tiros.
“O cara estava lá e deu 12 tiros nele”, relatou o pai.
O QUE DIZ A DEFESA
Em nota, o advogado Eugênio Malavasi afirmou:
"Em decorrência da decretação da prisão temporária do Uelton, em 25.12.25, este demonstrando sua lealdade e transparência com todas as instituições, sobretudo com a polícia judiciária e o poder judiciário, apresentou-se, ontem (26.12.25), espontaneamente, à polícia, oportunidade em que foi preso e interrogado, revelando, cronologicamente, como se deram esses infelizes fatos, visto que em face do comportamento do ofendido, Uelton não teve outra alternativa a não ser agir em legítima defesa".
VERSÃO DA POLÍCIA
Conforme o boletim de ocorrência, a Guarda Civil Municipal de Arujá foi acionada pelo próprio Uelton, que alegou invasão de domicílio. No local, os agentes encontraram a ex-esposa do suspeito em estado de abalo emocional.
Ela informou que Nelson havia sido atingido por disparos efetuados por Uelton. O homicídio ocorreu na cozinha da residência ocupada pela mulher. O caso foi registrado como homicídio na Delegacia de Arujá.
CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS
A Secretaria de Segurança de Arujá informou que Uelton foi exonerado do cargo de secretário adjunto e suspenso das funções como GCM, seu cargo de origem. A pasta declarou que irá colaborar com as investigações.
CÂMARA E MANDATO
Filiado ao União Brasil, Uelton foi eleito vereador de Arujá, sendo o segundo mais votado da história do município. Ele estava licenciado desde fevereiro de 2025 para atuar na Secretaria de Segurança.
A Câmara Municipal de Arujá informou que o caso será encaminhado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e afirmou que acompanha os desdobramentos judiciais, reforçando o compromisso com a legalidade.