Em entrevista publicada pelo jornal norte-americano The New York Times, na madrugada desta quarta-feira (30/07), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil irá buscar novos parceiros comerciais caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decida seguir com a imposição de tarifas contra produtos brasileiros. O presidente ainda fez menção direta à China, principal parceira comercial do Brasil, ao declarar que não se curvará a pressões geopolíticas.
Em resposta ao tarifaço norte-americano, que entra em vigor com uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros nesta sexta-feira (1º), o líder brasileiro afirmou que buscará alternativas. "Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo de nós, nós vamos atrás de quem queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China”, declarou Lula.
Além disso, o presidente afirmou que vem tentando contato com Donald Trump para discutir o tema, mas, segundo ele, sem sucesso até o momento. “Ninguém quer conversar”, resumiu o presidente brasileiro. Lula rejeita alinhamento ideológico - O presidente brasileiro criticou a tentativa de enquadramento do Brasil na lógica de uma nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a China. Segundo ele, o país seguirá adotando uma postura pragmática na política internacional, pautada por interesses comerciais e não ideológicos.
“Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais”, afirmou. Lula também frisou que não vê motivos para antagonismo com o líder republicano. “Trump é uma questão para o povo americano lidar. Eles votaram nele. Fim da história”, disse ao jornal.
China e a abertura ao comércio com o Brasil
Em meio as tensões comerciais, o governo chinês demonstrou disposição para aprofundar os laços comerciais com o Brasil. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, declarou na segunda-feira (28) que o país quer cooperar com o Brasil para “defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na OMC [Organização Mundial do Comércio] e proteger a justiça e a equidade internacional”. Questionado sobre a ampliação da abertura às exportações brasileiras, Jiakun afirmou que a China está disposta a “promover a cooperação com base em princípios de mercado”.