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“Se eu tivesse sido o candidato a vice, Bolsonaro não estaria nessa situação”, diz Mourão

O senador-general respondia a uma pergunta da reportagem sobre se ter sido escanteado acabou sendo uma bênção para ele

Se eu tivesse sido o candidato a vice, Bolsonaro não estaria nessa situação, diz Mourão | Foto: Romério Cunha/VPR
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Vice-presidente da República de 2019 a 2022, o general da reserva e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse que, caso não tivesse sido preterido por Walter Braga Netto na chapa governista na eleição passada, Jair Bolsonaro (PL) teria sido reeleito.

Assim, acrescentou, nem o ex-presidente, nem Braga Netto viveriam hoje o calvário do processo em que respondem por tentativa de golpe, no qual ambos são réus -o segundo, também general da reserva, está preso há mais de sete meses em uma unidade militar no Rio.

Quando o Bolsonaro escolheu, não quis mais que eu fosse o vice dele, ele deixou de me chamar para reunião ministerial, eu não participei de mais nada. Eu acho que, se eu tivesse sido o candidato a vice dele, nós teríamos ganho, afirmou Mourão.

O senador-general respondia a uma pergunta da reportagem sobre se ter sido escanteado acabou sendo uma bênção para ele. Depois de dar a resposta inusitada, Mourão foi indagado quanto à situação hipotética que apresentou. Em caso de vitória governista, então o que Bolsonaro, Braga Netto e outros militares enfrentam agora não estaria acontecendo?

Nada, não tinha acontecido nada, estava todo mundo feliz da vida, pô, retrucou, entre risos.

A reportagem pediu para Mourão discorrer mais a respeito do tema, explicando o que o leva a crer que se fosse ele o vice em 2022 o resultado teria sido diferente, mas ele não respondeu. A postura revela como o senador busca se diferenciar de Braga Netto, de quem é amigo há mais de 40 anos e que tem defendido publicamente.

Mourão é um raro caso de general da cúpula do governo Bolsonaro a não ter se encrencado judicialmente por causa das conspirações golpistas no final do mandato.

Na ação que corre no STF (Supremo Tribunal Federal), o senador foi indicado como testemunha por quatro réus: os também generais Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira e mais Bolsonaro. Todos integram o núcleo 1 do processo, denunciados pela Procuradoria-Geral da República como líderes da organização criminosa que tramou um golpe para impedir a posse de Lula.

No depoimento à corte, em 23 de maio, Mourão contou que se reuniu algumas vezes com os réus durante a transição de governo, mas que jamais ouviu menção a medidas de ruptura institucional ou para contestar o resultado eleitoral.

Aproveitou para elogiar Braga Netto: Nossas famílias são amigas"; "construiu uma carreira militar extraordinária ao longo de uma vida inteiramente dedicada ao Exército"; "meu filho é parceiro de vôlei dele, assim como eu.

Sobre Augusto Heleno, o senador disse no depoimento que o general é "um ícone da nossa geração" e "um homem que sempre deu o exemplo".

Não houve a mesma deferência a Bolsonaro --nem era de se esperar que houvesse. Antes mesmo da metade do mandato, o capitão deixou clara a insatisfação com seu vice.

Quanto ao amigo Braga Netto, o ex-vice considera sua prisão injusta e absurda, porque ele não estava obstruindo a Justiça. Mas, dentro da visão que o Alexandre de Moraes tem, é simbólico. Ele mantém um general de quatro estrelas preso.

(Com informações da FolhaPress - Fabio Victor)

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