Um dos principais líderes do PMDB, o presidente do Senado, José Sarney (AP), negou nesta terça-feira que o pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o partido apresente uma lista tríplice para a escolha do vice da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) seja uma intromissão.
Por outro lado, ele disse ainda que o nome do PMDB para a composição da chapa com o PT continua sendo o presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP). Sarney disse que o PMDB continua com autonomia para escolher o vice. "O presidente Lula não teve a intenção de interferir dentro do PMDB, até mesmo porque ele sabe que o PMDB é um partido que tem sua própria norma e maneira de ser e sabe que nós vamos escolher o nosso candidato a vice-presidente dentro do partido, dentro do acordo que estamos construindo com o PT", disse.
Líderes do PMDB dizem que o desgaste foi provocado porque o presidente Lula prefere o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como vice na chapa de Dilma. Meirelles é recém-filiado ao PMDB. A frase de Lula causou mal estar na cúpula do PMDB, que trabalha para lançar Temer como candidato a vice-presidente. Segundo Sarney, o PMDB vai trabalhar para confirmar Temer como vice. "Dentro do partido, evidentemente, o nome que nós temos e que é o nosso grande nome, é o do presidente do partido [ Michel Temer].
Todos nós vamos daqui pela frente fazer com que essa aliança seja feita em torno de dele", disse. Temer minimizou o desgaste e disse que o assunto não tem mais "sequência", uma vez que o PMDB já deixou claro que tem autonomia para escolher o indicado numa eventual chapa com Dilma.
"O que houve foi uma posição do PMDB em relação à fala do presidente. A posição do PMDB foi declarada, estamos por aí. Não há mais sequência nesse assunto", disse Temer.
A cúpula do partido cobrava uma declaração pública de Lula para dar fim ao mal-estar. Ontem à noite, o presidente ficou ao lado de Temer durante a abertura da Confecom (Conferência Nacional de Comunicação). Em clima de harmonia, os dois caminharam lado a lado e tiveram uma rápida conversa --que, segundo interlocutores de Temer, não incluiu o episódio.
A cúpula do PMDB chegou a divulgar nota na qual anunciou que não descarta lançar candidato próprio ao Palácio do Planalto no ano que vem e classifica a declaração de Lula de "intromissão de terceiros" no partido. "O PMDB, maior partido do Brasil, não vê como devida a intromissão de terceiros, por mais respeitáveis que sejam, em assuntos de sua exclusiva competência interna", diz a nota. Peemedebistas também cobraram que Lula telefone para Temer para se explicar sobre as suas declarações --o que não ocorreu até agora.
O presidente designou emissários para apagar o incêndio junto ao PMDB, mas integrantes do partido não se mostraram satisfeitos com o gesto de aliados de Lula.