Eleito vice-prefeito de São Paulo em 2020, Ricardo Nunes (MDB) assumiu em definitivo a cidade de São Paulo após a morte do prefeito eleito Bruno Covas (PSDB), na manhã deste domingo (16). Ele estava como prefeito em exercício desde 2 de maio, quando Covas se licenciou para dar continuidade do tratamento contra o câncer.
A oficialização de Nunes à frente da Prefeitura de São Paulo foi feita por meio de um ato da mesa diretora da Câmara de São Paulo, que se reuniu às 11h20, para extinguir o mandato de Covas após a morte do tucano, ocorrida às 8h20.
Antes de se eleger vice-prefeito na chapa de Bruno Covas em 2020, Nunes foi vereador por dois mandatos. Ele é ligado a associação de empresários da Zona Sul e à Igreja Católica, tendo composto as bases petista e tucana nos últimos 8 anos na Câmara.
Durante o primeiro mandato, o vereador foi forte interlocutor da Igreja Católica na Câmara Municipal e fez forte lobby para anistiar e regularizar templos religiosos irregulares na lei de zoneamento em 2016.
Já como integrante da Comissão de Finanças na Câmara, conseguiu barrar menções a termos como gênero do Plano Municipal de Educação (PME) da cidade. Na época, defendia que sexualidade não deveria ser tema nas salas de aula do município.
No Plano Diretor de 2014, sugeriu a criação de um aeródromo em Parelheiros, extremo sul da capital paulista.
Foi da base da gestão Haddad até 2016, quando Gabriel Chalita (MDB) foi candidato a vice de Haddad no pleito daquele ano e os dois foram derrotados para a chapa João Doria e Bruno Covas (PSDB).
Naquela eleição, Nunes se reelegeu vereador e passou então a fazer parte da base aliada de Doria-Covas até ser indicado a vice no ano passado, após uma articulação do próprio João Doria, já no cargo de governador do estado.
Em seus últimos quatro anos como vereador, Ricardo Nunes compôs CPIs como a dos bancos, que investigou a sonegação de ISS na cidade.
Uma lei proposta pelo então vereador em 2014 prevê um sistema de transporte público hidroviário em São Paulo na represa Billings, região do Cantinho do Céu, extremo sul da capital, um dos redutos eleitorais dele.
Na atual gestão, esse projeto, que foi sancionado pelo ex-prefeito Haddad, foi incluído no plano de metas.
Ricardo Nunes também é crítico do repasse bilionário de verbas da prefeitura para as empresas de ônibus da cidade em forma de subsídios, assunto que sempre gera tensão entre ele e o vereador Milton Leite (DEM), presidente da Câmara de Vereadores, que apoiou a indicação de Nunes para vice de Bruno Covas em 2020.
O ex-vereador também é profundo conhecedor das contas do município e fez parte da Comissão de Finanças da Câmara Municipal.
Em 2020, Nunes tem ido a agendas públicas nas quais Covas apareceu apenas virtualmente, como na semana retrasada, na inauguração de um hospital no campus da Uninove.
Licença de Bruno Covas
Bruno Covas decidiu se licenciar por 30 dias do cargo de prefeito de SP neste domingo (2) para dar continuidade ao tratamento que enfrenta contra um câncer no sistema digestivo.
Na carta publicada nas redes sociais, Bruno Covas disse que confiava no vice-prefeito para dar continuidade ao plano de governo dele, "priorizando o combate à pandemia e seus efeitos".
"Tenho certeza que vamos superar mais essa batalha. Assim como tenho a convicção que nosso vice Ricardo Nunes e nossa equipe de secretárias e secretários manterão a cidade no rumo certo, cumprindo nosso programa de metas e plano de governo, priorizando o combate à pandemia e seus efeitos. Fiquem bem e até breve", escreveu Covas.