Grupos insurgentes anunciaram neste domingo (8) que Bashar al-Assad, há 24 anos no comando da Síria, teria deixado a capital Damasco, sem que se saiba seu destino. A informação, divulgada por agências internacionais, sugere o colapso de um regime que dura cinco décadas.
A ofensiva rebelde, liderada por extremistas islâmicos, começou há apenas 10 dias e rapidamente tomou as principais cidades do país, culminando na chegada a Damasco. Relatos indicam que forças leais ao governo sírio se renderam em diversas regiões, enquanto a Rússia e o Irã, aliados de Assad, mantêm-se afastados dessa nova escalada.
Um conflito reaceso
Desde 2011, a Síria enfrenta uma guerra civil que parecia ter perdido intensidade nos últimos anos. No entanto, o conflito voltou a explodir com força, liderado pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), grupo extremista com raízes na Al Qaeda. Em poucos dias, os insurgentes conquistaram cidades estratégicas como Aleppo e Homs, avançando até a capital.
O conflito teve início na esteira da Primavera Árabe, movimento que questionou regimes autoritários no Oriente Médio. Inicialmente, a guerra envolveu uma complexa rede de facções, incluindo grupos extremistas como o Estado Islâmico, milícias curdas apoiadas pelos EUA e forças ligadas à Turquia. Assad, com o apoio de aliados como a Rússia, o Irã e o Hezbollah, conseguiu manter-se no poder até então.
A trajetória de Bashar al-Assad
Bashar al-Assad, 59 anos, assumiu a presidência após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, que governou a Síria por quase 30 anos após um golpe de Estado em 1971. Pertencente à minoria alauita, Bashar é médico, com especialização em oftalmologia realizada em Londres.
Inicialmente visto como um possível reformador, sua ascensão ao poder, em 2000, foi marcada por referendos que garantiram sua posição com margens esmagadoras de votos. No entanto, a repressão a opositores e a guerra civil que eclodiu em 2011 consolidaram sua imagem como um líder autoritário.
O enfraquecimento do regime
A perda de apoio ativo de aliados internacionais é vista como um dos principais fatores para o recente colapso das forças pró-Assad. Com a Rússia focada na guerra na Ucrânia e o Irã envolvido em confrontos com Israel, ambos têm se mostrado incapazes ou desinteressados em reforçar o regime sírio. Além disso, o Hezbollah, outro pilar de suporte para Assad, sofreu perdas significativas em seus quadros de liderança.
Um marco simbólico
Ao avançar, os rebeldes destruíram estátuas de Hafez al-Assad, um símbolo do regime. Em cidades como Hama, imagens do antigo presidente foram derrubadas e transportadas como troféus.
Essa nova fase da guerra civil sinaliza um possível fim da dinastia Assad, mas também traz incertezas sobre o futuro da Síria, um país devastado por mais de uma década de violência e disputas geopolíticas.