Na última quinta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou o projeto de privatização da Eletrobras de “sacanagem”. Em discurso, durante o lançamento das plenárias estaduais do Plano Plurianual Participativo (PPA), o comandante do Palácio do Planalto declarou que o governo possui 43% das ações da empresa, mas não detém o poder de decisão correspondente às escolhas da mesa diretória.
"A Eletrobras foi privatizada por R$ 36 milhões. Para o que o governo anterior queria o dinheiro? Para levar para o Tesouro para pagar juros da dívida externa. Hoje não temos estatal e estamos devendo muito. Veja a sacanagem. E tem gente preocupada com o que eu falo. O que eu falo é o que aconteceu: o governo tem 43% das ações da Eletrobras, mas, no conselho, só tem direito a um voto. Entramos na Justiça para que o governo tenha a quantidade de votos de acordo com a quantidade de ações", afirmou.
No evento, o presidente disse ainda que, para o governo voltar a controlar a empresa por completo, terá que pagar além do valor das parcelas vendidas. "Segunda sacanagem é que, se o governo quiser comprar de volta a Eletrobras, tem que pagar três vezes a oferta feita pelo setor privado. É a sacanagem para tentar evitar que o governo seja responsável por cuidar da energia que o povo tanto precisa. Estamos vendo como vamos fazer", declarou.
Além disso, Lula reforçou que não promoverá a privatização de empresas estatais importantes para a população, como a Petrobras e os Correios, e voltou a criticar o salário da diretoria da Eletrobras.
"Os diretores aumentaram seus salários para R$ 360 mil. E o conselheiro, o governo não pode indicar nenhum porque o conselho é indicado numa chapa. Como o governo não participa da chapa, não pode participar. E eles querem que a gente fique quieto. Nós não vamos ficar quietos, nós vamos brigar muito por isso. Não vamos vender mais nada, nem a Petrobras. O Correio não será vendido", adicionou.
Lula faz revogaço e exclui Correios e outras de Programa de Privatização
União ingressa no STF com pedido para manter votos na Eletrobrás
Busca pelo voto proporcional
No último dia 05, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, declarou ter protocolado uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) para “resguardar o direito proporcional de voto da União” na estatal.
Três dias depois da protocolização, no dia 08, a Eletrobras informou que tomou conhecimento do documento do ministro, por intermédio da publicação no site oficial da Advocacia-Geral da União (AGU), o qual questiona o teto de 10% do capital votante a qualquer acionista da companhia.