O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, negou nesta quarta-feira (26) a existência de um "acordão" entre o MPF (Ministério Público Federal) e agentes políticos para proteger suspeitos de envolvimento no esquema de desvios de recursos da Petrobras investigado pela operação Lava Jato.
"Eu nego veementemente a possibilidade de qualquer acordo que possa interferir nas investigações", afirmou Janot durante a sabatina a que é submetido na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça do Senado) como parte do processo de sua recondução ao cargo.
As declarações de Janot foram feitas após o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) questioná-lo sobre os rumores da existência de um acordão para proteger políticos suspeitos de envolvimento no esquema da Lava Jato.
"Há 31 anos, eu fiz uma opção pelo Ministério Público. Eu, a essa altura da minha vida, eu não deixaria os trilhos da atuação técnica do MP para me embrenhar num processo que eu não domino e não conheço que é o caminho da política. Sou Ministério Público, eu penso como Ministério Público, eu ajo como Ministério Público. Não há possibilidade de qualquer acordão", afirmou o procurador.
Rodrigo Janot disse que, ainda que quisesse fazer algum tipo de acordo, essa prática seria impossível. "E tem um motivo muito simples. Porque todo o material colhido nas investigações, quando esse material não é mais para ficar sob o resguardo do sigilo, esse material é inteiramente aberto para o conhecimento de todo cidadão brasileiro. Terias que combinar com os russos", afirmou.
A possibilidade de um "acordão" entre a PGR (Procuradoria Geral da República) e o governo, um dos principais afetados pelas revelações da operação Lava Jato, foi levantada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em reunião com aliados, Cunha disse que a PGR e o governo teriam feito um trato para prejudicá-lo.
Caso aprovado pela CCJ, o nome de Janot passará por nova votação ainda hoje no plenário do Senado, onde precisará do apoio de, pelo menos, 41 dos 81 senadores. Em ambos os casos, a votação é secreta.