Réu do mensalão, ex-doleiro diz viver com um salário mínimo

Segundo o ex-doleiro, sua vida profissional acabou depois do escândalo

Carlos Alberto Quaglia, em depoimento na CPI dos Correios | Lúcio Távora
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Um dos 38 réus do mensalão, o ex-doleiro Carlos Alberto Quaglia afirma viver com um salário mínimo (R$ 622) de sua aposentaria por idade.

"Trabalhei até 2005, quando começou o negócio do mensalão. Desde então, não consigo abrir uma conta em um banco. A minha empresa ficou completamente desqualificada", afirma.

Segundo o ex-doleiro, sua vida profissional acabou depois do escândalo.

Morando em Florianópolis e nascido na Argentina, o ex-doleiro explica que, para complementar sua renda, faz traduções. "Mas não há muita demanda porque há cada vez mais livros editados em português."

Ele é o único réu ter na defesa um defensor público. "Não tenho advogado porque não tenho como pagar. Não tenho nada a ver com esse negócio do mensalão."

Em sustentação oral feita na sexta-feira, o defensor público Haman Córdova pediu a nulidade de cerca de 13 interrogatórios porque, segundo ele, houve cerceamento do direito de defesa.

Córdova apontou que o Supremo intimou erroneamente, por três anos, um advogado para fazer a defesa de Quaglia. Os ministros decidiram que uma definição sobre a nulidade será dada antes da votação.

Procurado pela reportagem por telefone após a sustentação oral, Quaglia demonstrou surpresa quando questionado sobre o desempenho do defensor. "Quando? Foi hoje?"

Ele diz que está acompanhando o julgamento apenas pelas reportagens do "Jornal Nacional", da TV Globo.

"Claro que o processo me preocupa, mas não me tira o sono", afirma.

Quaglia era dono da corretora Natimar na época do mensalão. Segundo a denúncia do procurador-geral da República, ele emprestou a corretora para que a Bônus Banval repassasse parte dos recursos destinados ao PP.

O ex-doleiro é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. "Foi envolvido por terceiros. Nunca na minha vida vi algum dos políticos envolvidos, nem o senhor Marcos Valério. Só conhecia o cara da corretora Bônus Banval, que para se safar, me colocou no fogo", disse.

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